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Um olhar sobre a pesquisa XP/Ipespe

A turbulência continua a ditar os rumos da política e, consequentemente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) segue enfrentando percalços em seu caminho visando as eleições de 2022. A mais recente pesquisa XP/Ipespe reforça essa percepção.

O levantamento, realizado entre 11 e 14 de agosto, confirma o difícil momento vivido pelo titular do Planalto. A avaliação negativa subiu dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, passando a 54%. Por outro lado, aqueles que avaliam positivamente o governo passaram de 25% para 23%.

Em linha direta com isso, 63% dos entrevistados desaprovam a maneira como Bolsonaro administra o país, contra 29% que o aprovam - um índice muito baixo para quem pretende disputar a reeleição com um mínimo de competitividade.

Governadores e prefeitos, muitos deles em confronto aberto com o titular do Planalto, apresentam índices relativamente melhores. Segundo a pesquisa, os comandantes estaduais têm 33% de aprovação e os prefeitos, 49%. Nesse último caso, o “efeito vacinação” pode explicar, em parte, o resultado, pois os titulares dos municípios são os responsáveis finais pelo acesso da população às vacinas contra a COVID-19.

Já o Congresso Nacional segue com avaliação em baixa. Nada menos que 48% consideram ruim a atuação dos parlamentares, em contraste com os 9% de positivo. Aqui, a rigor, nada de novo - historicamente, o Legislativo é mal avaliado pela população.

Entre os temas conjunturais, destaque para a CPI da Covid do Senado Federal - 67% dos brasileiros afirmam acompanhar os trabalhos do colegiado, enquanto 57% aprovam as investigações (31% são contra). Quanto às ações do governo federal no combate à pandemia, 59% consideram ruim e outros 21%, boa. Já entre os governadores, 43% aprovam as ações contra a Covid, e entre os prefeitos esse índice é de 55%.

Como consequência direta da queda na avaliação geral do presidente, as simulações eleitorais revelam a fragilidade, hoje, de sua potencial recandidatura. No levantamento espontâneo, o ex-presidente Lula (PT) aparece com 28% das citações, contra 22% de Bolsonaro. Os demais nomes, somados, têm apenas 6%, o que mostra as dificuldades ainda enfrentadas pela chamada “terceira via”.

No estimulado, o primeiro cenário aponta Lula com 40% das preferências, contra 24% de Bolsonaro, 10% de Ciro Gomes (PDT), 9% de Sérgio Moro (sem partido) e 4% de Luiz Henrique Mandetta (DEM). Outro cenário, com a presença do governador João Dória (PSDB), Lula teria 37%, Bolsonaro 28%, Ciro 11% e o tucano empataria com Mandetta, com 5% cada.

A rejeição ao titular do Planalto chega a 61%, contra 45% de Lula. Esses números ajudam a explicar as projeções para o segundo turno - Bolsonaro seria derrotado por todos os adversários listados.

O tempo corre e, agora, aguardam-se os resultados da entrada definitiva do Centrão no governo, com Ciro Nogueira na Casa Civil. Até o momento, o bloco não conseguiu estancar a queda de popularidade de Bolsonaro.

Nas redes sociais, comenta-se, em tom de galhofa, que “Bolsonaro derrotaria apenas Bolsonaro” caso as eleições fossem hoje. Exageros e bom humor à parte, o fato é um só - o titular do Planalto afoga em números.

André Pereira César
Cientista Político

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