Os fatos e as fotos estão à disposição de todos. A celebração do dia do Trabalho, no primeiro dia de maio, foi absolutamente esvaziada - e o presidente Lula (PT) ficou na berlinda durante e após o evento. Mesmo que se negue, um momento de baixa para o governo.
Ao ocorrido. A tradicional festa do dia do Trabalho, uma das marcas dos governos petistas, contou com uma presença pífia. Não por acaso, o titular do Planalto reclamou da organização, afirmando que tudo foi “mal convocado”. Na verdade, uma hipótese é a de que o público alvo já não se mobilize de maneira efetiva (e massiva) para a data. Em tempos de uberização do mercado de trabalho, a realidade é outra - e o governo precisa entender isso.
Pior, ao pedir votos para o pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), Lula errou de maneira dupla. De um lado, o suposto crime eleitoral poderá gerar multa de até R$ 25 mil, a ser cobrada pela Justiça Eleitoral. Mais ainda, a propaganda antecipada coloca em xeque a própria campanha do parlamentar, que poderá ser impedido de disputar o pleito. Erro crasso, nada esperado de um político experiente como o petista. Teria ele perdido o tom?
Evidentemente, o comando de campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB), principal adversário de Boulos, já se movimenta em busca de algum tipo de punição ao presidente da República e a Boulos. Com todas as falas devidamente registradas, o titular do Planalto e seus aliados certamente enfrentarão problemas com a Justiça. Uma crise desnecessária surge no horizonte.
Todo o imbróglio acabou por ofuscar aquilo que seria o ponto alto da celebração, a sanção do reajuste da tabela do Imposto de Renda, estendendo a faixa de isenção para quem recebe até dois salários mínimos - medida de forte apelo popular que, aparentemente, está sendo divulgada de modo insuficiente pelo governo. A comunicação da atual gestão, mais uma vez, se mostra falha.
Como temos recorrentemente afirmado, o governo Lula 3.0 tem pouco espaço para errar, mas isso tem ocorrido com frequência. Nem mesmo a presença do presidente no Rio Grande do Sul, acompanhando as fortes e trágicas chuvas na região, parece capaz de mudar o quadro. O titular do Planalto vive um momento de dificuldades.
André Pereira César
Cientista Político
