Um olhar sobre a pesquisa Ipec - Política - Hold

Um olhar sobre a pesquisa Ipec

A mais recente pesquisa Ipec confirma a estabilidade no cenário eleitoral, mas serve de alerta para os adversários do ex-presidente Lula (PT). Sua pré-candidatura ganha consistência e, por ora, nome algum faz sombra a ele. Nem mesmo o presidente Jair Bolsonaro (PL), que segue patinando.

De acordo com o levantamento, realizado entre os dias 9 e 13 de dezembro, o petista teria 48% dos votos no principal cenário, com doze candidatos. Em um distante segundo lugar aparece o titular do Planalto, com 21%, seguido de Sérgio Moro (Podemos), com 6%, tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), que tem 5% das intenções de voto. Outros nomes da chamada “terceira via”, tiveram desempenho pífio - João Dória (PSDB) tem 2%, Simone Tebet (MDB) 1% e Rodrigo Pacheco (PSD) registrou traço. Uma ducha de água fria, sem dúvida.

Em um cenário reduzido a cinco candidatos, Lula tem 49%, Bolsonaro 22%, Moro 8%, Ciro Gomes 5% e Dória 3%. Hoje, o petista venceria no primeiro turno.

Pior para Sérgio Moro, que não tem o desempenho esperado por seus aliados. Mais de um mês após a filiação ao Podemos (com toda pompa e circunstância, diga-se), o ex-ministro ainda está longe dos dois dígitos, disputando voto a voto o terceiro lugar com o neopedetista Ciro Gomes. Mesmo o apoio diário de setores da imprensa não ajuda Moro, que certamente começará a ser cobrado. O plano B, a disputa por uma cadeira no Senado Federal pelo Paraná, começa a aparecer no horizonte.

Ainda sobre Moro, chama a atenção a disparidade dos índices de rejeição na pesquisa Ipec em comparação ao levantamento da Genial/Quaest, divulgado semana passada. Na pesquisa de ontem, ele aparece com 18% de rejeição, contra 61% na da semana anterior. As metodologias são distintas, é fato, mas os números são absolutamente díspares.

Para Bolsonaro, o quadro também é de dificuldades. Para além da distância em relação a Lula, ele enfrenta a avaliação negativa de seu governo. Nada menos que 55% consideram a atual administração ruim ou péssima (53% em setembro), contra escassos 19% que a avaliam como boa ou ótima (22% em setembro). O bolsonarista raiz segue minguando. A situação atual coloca em risco sua aliança com o pragmático Centrão, que pode buscar uma alternativa eleitoral a qualquer momento.

Para Lula, o bom momento também representa um risco. A possibilidade de vitória já no primeiro turno aumentará os ataques a ele. Mais ainda, Bolsonaro, Moro, Ciro Gomes e Dória tendem a tornar o petista o alvo principal. Os governos Lula e Dilma serão dissecados, e os fantasmas do mensalão e do petrolão voltarão a assombrar. Jogo bruto no horizonte.

Os demais postulantes não ganham tração e tendem a buscar composições políticas com candidatos mais competitivos. Até março próximo haverá um inevitável afunilamento das pré-candidaturas. Simone Tebet e Sérgio Moro já têm encontro agendado para as próximas semanas.

Enfim, o final do ano marca a consolidação da disputa sucessória, com o favoritismo, por ora, de Lula. Bolsonaro e Moro necessitam, urgentemente, melhorar seus desempenhos, sob o risco de serem abandonados antes mesmo do início do verdadeiro jogo eleitoral.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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