O DataFolha divulgou os resultados de nova pesquisa com a avaliação da opinião pública sobre o governo Lula (PT). O levantamento foi realizado em todo o país nos dias 12 e 13 de setembro captando, portanto, o fim da novela da minirreforma ministerial e o ingresso do Centrão na Esplanada, as chuvas no Rio Grande do Sul, a taxação em sites online de compras acima de US$ 50,00 e a viagem do presidente à India para participar da reunião do G20.
Aos números. Segundo o instituto, 38% dos entrevistados consideram o governo bom ou ótimo, índice estável em relação ao levantamento anterior, realizado em junho. Já os que avaliam a atual administração como ruim ou péssima passaram de 27% para 31%, acima da margem de erro da pesquisa. Aqui um sinal amarelo acende no Planalto.
A pesquisa mostra que a polarização continua praticamente intacta. Na região Sul, onde o bolsonarismo é mais forte, 39% rejeitam o presidente, mesmo índice entre os mais escolarizados. Já 44% com maior renda também rejeitam o governo. Nada de novo nessa seara.
Interessante observar que a chamada “terceira via”, ou centro democrático, segue enfrentando dificuldades para furar a barreira entre os defensores de Lula e os de Jair Bolsonaro (PL). Enquanto 25% se dizem apoiadores convictos do ex-presidente e 29% se consideram petistas “raiz”, 21% ficam entre os dois polos. O que se viu ao longo da campanha eleitoral de 2022 se mantém.
A relativa estabilidade na economia, ponto sensível para a opinião pública, certamente colabora para a manutenção dos índices de aprovação do governo. Por outro lado, os ruídos na política, bastante explorados pela imprensa, têm seu peso no aumento da reprovação.
As más notícias que o clã Bolsonaro vem recebendo também ajudam a explicar a manutenção dos índices de aprovação de Lula. As atenções do eleitor parecem voltadas, em larga medida, para o caso das joias sauditas e a delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente, tenente-coronel Mauro Cid. Melhor para o titular do Planalto.
Desde a posse, o atual governo enfrenta um problema crônico de comunicação com a sociedade. Os números da nova pesquisa podem servir de estímulo para o Planalto buscar melhorar essa área. A conferir.
André Pereira César
Cientista Político
