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Tucanato em transe

A recente decisão judicial obrigando o PSDB a realizar em breve convenção para eleger uma nova Executiva representa apenas mais um capítulo da debacle do partido. Anteriormente uma legenda de peso nos estados e no Congresso Nacional, fazendo contraponto qualificado aos anos de governo do PT, hoje é uma pálida sombra do passado.

De fato, o tucanato perde musculatura política a olhos vistos. Com apenas quatorze deputados federais e dois senadores, o PSDB tornou-se um partido periférico no Congresso Nacional. Pior, são apenas três governadores da legenda, sendo que a pernambucana Raquel Lyra cogita desfiliar-se e ingressar no PSD. O onipresente comandante do partido, Gilberto Kassab, agindo novamente.

Explica-se o quadro atual. Primeiro, não houve renovação de lideranças. O PSDB vive muito do glorioso passado, onde nomes como Franco Montoro, José Serra, Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Motta e Mário Covas tinham grande peso no cenário nacional. Hoje, os comandantes do partido mantêm disputas internas paroquiais, deixando de lado os grandes debates.

Essas disputas internas, por sinal, revelam a profunda divisão do PSDB. O atual presidente, o governador gaúcho Eduardo Leite, enfrenta grande dissidência. No estado de São Paulo, por exemplo, ele tem muitos desafetos. Unidade é palavra que falta aos tucanos no momento.

O resultado das eleições do ano passado retrata essa realidade. Para além do desempenho pífio na disputa por cadeiras no Parlamento, pela primeira vez em sua história o PSDB não lançou candidato à presidência da República. Decadência absoluta.

Para mudar essa situação, integrantes do partido buscam soluções - mudar o símbolo (o tucano), o programa e até mesmo o nome estão entre as possibilidades. Pode ser muito pouco para recolocar a legenda nos trilhos.

A verdade é que, após 2014, o PSDB tornou-se um partido obsoleto. Seu eleitor típico migrou, em grande parte, para o bolsonarismo, hoje o grande adversário do PT. Os tucanos não passam de um pequeno satélite, pouco relevante.

Para concluir, a saída de quadros importantes, como o atual vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), um dos fundadores do partido, sintetiza à perfeição a triste situação do PSDB. Caso não ocorra uma correção urgente de rumo, os tucanos correrão sério risco de extinção.

André Pereira César

Cientista Político

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