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Sucessão presidencial: um olhar atualizado sobre os números

A antecipada sucessão presidencial avança e os protagonistas seguem ocupando espaços no tabuleiro político. A mais recente pesquisa PoderData, realizada entre os dias 7 e 9 de junho, atualiza o quadro e fornece importantes pistas quanto ao futuro do processo.

De acordo com o levantamento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) receberia 33% dos votos, contra 31% de Lula. No início de maio, registrava-se empate - 32% para os dois postulantes. Em um distante terceiro lugar aparece Ciro Gomes, com 10% das intenções de voto, um salto em relação à pesquisa anterior, quando teve 6% das citações. Os demais candidatos não ultrapassam os 5% e seguem patinando.

Os números confirmam a resiliência do titular do Planalto, que se mantém estável mesmo com o conturbado quadro geral. Importante ressaltar aqui que o avanço da vacinação da população e a economia serão as variáveis chave para seu êxito nas eleições.

Do lado do petista, fica claro que, para avançar, ele precisa do apoio do centro do espectro político (que já busca, por sinal) e de um vice que reduza as resistências de setores da economia e da sociedade em geral a seu nome - talvez um empresário ao estilo José Alencar, peça fundamental nas vitórias de Lula em 2002 e 2006.

Sobre Ciro Gomes, seu salto em relação ao levantamento anterior pode ser em parte explicado pelo ingresso do marqueteiro João Santana em sua equipe. O neopedetista tem aparecido ao eleitorado com um discurso ainda mais incisivo, tendo como um de seus principais alvos o PT. Resta saber se tal tática se sustentará no tempo.

Os demais candidatos, por sua vez, não evoluem. Luciano Huck (sem partido), com seus 4%, praticamente sepulta suas pretensões eleitorais e pavimenta seu retorno à TV. Já os mesmos 4% de Luiz Henrique Mandetta (DEM) dão a seu partido munição para negociar espaço em outras candidaturas.

Pior é a situação do governador paulista João Dória (PSDB). Com apenas 3% das citações, ele se vê enfraquecido dentro do partido e com poucas chances de vencer as prévias tucanas. Na tentativa de apaziguar os ânimos internos e evitar um racha ainda maior, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso articula um acordo para o lançamento do senador Tasso Jereissati como candidato do partido à presidência. A sucessão estadual para Dória vai se tornando uma realidade.

A disputa em segundo turno acende um sinal de alerta para Lula, que liderava com folga na pesquisa anterior. Em abril, ele derrotava Bolsonaro por 52% a 34%, e hoje a disputa está em 48% a 37%. O atual presidente recupera terreno e mostra-se competitivo. Não há jogo fácil para seus adversários.

Em resumo, não há um favorito absoluto, ao menos por ora. A chamada terceira via, por sua vez, recebeu um fôlego extra com o desempenho de Ciro Gomes, que precisará manter o ritmo para não ser engolfado pela polarização há tempos em curso.

André Pereira César
Cientista Político

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