Sucessão Presidencial: o jogo político de Kassab - Política - Hold

Sucessão Presidencial: o jogo político de Kassab

Figura atuante nos governos Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-prefeito e ex-ministro Gilberto Kassab é ator cada vez mais importante na cena política atual. Junto a seu partido, o PSD, ele tem se revelado um articulador extremamente eficiente, e suas posições terão peso e voz no processo sucessório do próximo ano.

Engenheiro e economista de formação, Kassab mantém boa interlocução com um amplo leque de lideranças, do senador José Serra (PSDB/SP) ao ex-presidente Lula (PT). Tendo sido filiado ao PL e ao PFL (atual DEM), fundou o PSD em 2011, presidindo o poderoso partido desde então.

Apesar de ter um representante no primeiro escalão do governo Bolsonaro, o ministro das Comunicações Fábio Faria – cada vez mais fiel a Bolsonaro, diga-se –, Kassab tem progressivamente se afastado do Planalto. O movimento, milimetricamente calculado, parece ser irreversível.

De aliado do titular do Planalto, o ex-ministro passou primeiramente a crítico e, com o aumento da crise política, a adversário do governo. Nas muitas entrevistas que vem recentemente concedendo, Kassab tem questionado abertamente a capacidade de Bolsonaro administrar o país e que dificilmente se reelegeria e, indo além, chega a admitir que o desenrolar dos acontecimentos pode levar ao impeachment do presidente.

A avaliação da conjuntura, por Kassab, é relevante, pois ele lê como poucos o dia a dia da política. Sua sensibilidade para o tema é conhecida há tempos e, hoje, ganha um importante adendo - o peso de seu partido.

Os números comprovam a musculatura política do PSD. São onze senadores (segunda maior bancada), 35 deputados federais (quinta bancada), 58 deputados estaduais, 651 prefeitos, 5694 vereadores e dois governadores. A legenda de Kassab naturalmente se impõe no cenário nacional.

Importantes lideranças estão sob o comando do ex-ministro, entre elas o governador Ratinho Júnior (PR), os senadores Antônio Anastasia (MG), Omar Aziz (AM) e Otto Alencar (BA), o deputado Rodrigo Maia (RJ) e os prefeitos Eduardo Paes (Rio de Janeiro) e Alexandre Kalil (Belo Horizonte). Em avançadas negociações para entrar no PSD, entre outros, estão o ex-governador Geraldo Alckmin e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

O recente reposicionamento político de Pacheco, por sinal, aproximou-o ainda mais de Kassab. Ao se colocar como potencial nome na disputa sucessória, ele passou a integrar o rol dos políticos que participarão das articulações para compor chapa em 2022, com o PSD como protagonista.

Em suma, Gilberto Kassab tem atuado fortemente nos bastidores visando as eleições de 2022. Ele sabe ter em mãos peças de relevo no xadrez político e, mais importante, sabe operar com elas. Opções não faltam - candidatura própria ou, mais provável, integrar uma chapa eleitoralmente competitiva fazem de Kassab o homem a se observar.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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