Sucessão Presidencial: Estágio atual dos nomes da terceira via - Política - Hold

Sucessão Presidencial: Estágio atual dos nomes da terceira via

Há tempos os grupos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não alinhados ao petismo buscam construir a chamada terceira via. Até o momento não se chegou a um nome de consenso e, pior, falta um projeto mínimo que dê organicidade ao projeto.

Já estamos em julho e o tempo corre contra os postulantes. Cabe lembrar que ao menos dois pré-candidatos, Luciano Huck (sem partido) e João Amoêdo (Novo), saíram da disputa.

Ciro Gomes (PDT) - o neopedetista continua na empreitada para ser o nome mais vistoso da chamada terceira via. Tentando ainda atingir os 10% das intenções de voto nas pesquisas, ele tem a seu lado agora o publicitário João Santana. As mudanças são visíveis - agora, além da Constituição, a Bíblia faz parte do discurso de Ciro Gomes, cada vez mais assertivo. Jogada de risco, pois afasta setores médios do eleitorado que o levaram ao terceiro lugar na disputa eleitoral de 2018.

Luiz Henrique Mandetta (DEM) - um dos idealizadores da chamada terceira via, o ex-ministro da Saúde segue atuando nos bastidores. Com presença constante na mídia e experiência política, Mandetta tem boa penetração em especial na classe média. As pesquisas de intenção de voto, porém, mostram as dificuldades que ele enfrenta - ainda pouco conhecido do grande público, ele patina na faixa abaixo dos 5%. Mandetta, no limite, pode ser um bom candidato a vice-presidente.

João Dória (PSDB) - principal patrocinador da vacina contra a COVID-19, o tucano precisa dar o salto para se mostrar efetivamente competitivo na disputa sucessória. De apoiador de Bolsonaro a desafeto figadal do presidente, Dória trabalha para consolidar seu nome junto ao eleitorado nacional, boa parte dele bolsonarista. Tarefa inglória, visto que ele parece a muitos como um político elitista.

Eduardo Leite (PSDB) - o jovem governador gaúcho ganhou os holofotes ao se assumir publicamente gay. A repercussão, que explicitou mais uma vez o conservadorismo da sociedade brasileira, tornou Leite um protagonista da cena política atual. Ganhou votos? Sem dúvida. Perdeu votos? Possivelmente, em função do referido caráter conservador do brasileiro típico. De todo modo, a experiência como governador de um estado importante, a juventude e a “cara da renovação” dão a ele fôlego na disputa de agora.

Tasso Jereissati (PSDB) - se existe um “Joe Biden brasileiro”, o senador tucano é quem mais se aproxima da figura. Um dos Decanos do Senado Federal, ele é visto como bom articulador e negociador. No entanto, ele não parece efetivamente disposto a enfrentar o desgaste de uma campanha presidencial. A favor, conta a vasta experiência política. Contra, a idade e os problemas de saúde. De todo modo, ele terá peso e influência sobre o processo que envolve uma candidatura alternativa.

Sérgio Moro (sem partido) - após o período em que aparecia como o símbolo da Lava Jato, o ex-ministro da Justiça passou a ser questionado por seus interesses nas investigações contra supostos atos de corrupção nos governos do PT. Os desentendimentos com o titular do Planalto e as denúncias da Vaza Jato enfraqueceram seu nome. Hoje, Moro, atuando em um escritório de advocacia com sede nos Estados Unidos, é uma pálida sombra de um passado não muito distante. Sua candidatura é praticamente inviável.

Rodrigo Pacheco (DEM) - o presidente do Senado Federal sempre é lembrado para a disputa sucessória. Conciliador, ele é agora cobiçado pelo PSD de Gilberto Kassab. Jovem e de boa aparência, se encaixa no figurino do “político renovador”. Como ainda não foi testado em pesquisas de intenção de voto, seu potencial eleitoral é uma incógnita.

Alexandre Kalil (PSD) - o prefeito de Belo Horizonte (MG) realiza um trabalho bem avaliado pela população de sua cidade, o que foi atestado por sua reeleição em primeiro turno. Ex-presidente do Atlético Mineiro, Kalil transita bem da esquerda à direita e pode se tornar uma espécie de curinga na disputa sucessória. O ex-presidente Lula e o neopedetista Ciro Gomes gostariam de tê-lo como candidato a vice, mas não se pode descartar uma chapa encabeçada por ele.

José Luiz Datena (PSL) - até há pouco no MDB, o apresentador está de malas prontas para o PSL. O partido seria a porta de entrada de Datena na política - a princípio, ele disputaria um vaga no Senado Federal. No entanto, existe a possibilidade, ainda remota, de ele disputar a presidência da República. Seu nome não foi testado em pesquisas de intenção de voto, e ele pode correr na mesma faixa do presidente Bolsonaro, com um discurso de fácil apelo popular.

Luiza Trajano (sem partido) - a empresária aparece na bolsa de apostas como uma espécie de “nome dos sonhos” para compor chapa como candidata a vice. Mesmo o ex-presidente Lula mantém Trajano no radar.

O cenário, ainda nebuloso, deverá se ajeitar até o final do ano com a definição pelos partidos dos nomes à sucessão presidencial. Nessa equação, os impactos da CPI da Covid e os desdobramentos das investigações no STF sobre Jair Bolsonaro certamente serão levados em consideração para as escolhas e alianças dos partidos em torno dos possíveis nomes.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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