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Sobre a Assembleia Legislativa de São Paulo

Empossada na última quarta-feira, 15 de março, a renovada Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) representa um novo marco na política estadual. A derrota do PSDB paulista no pleito de 2022 muda o cenário local. Após quase trinta anos de pleno domínio e comando dos rumos da política paulista, um desconhecido tempo pode estar se iniciando.

Aos números. Dos 94 deputados estaduais, 19 são do PL, a maior bancada, seguido do PT, com 18 parlamentares. O PSDB aparece em terceiro, com 9 deputados. Os outros 48 deputados estão divididos entre 14 partidos. A distribuição de cargos na Mesa Diretora se deu a partir desse quadro - PL na presidência, PT na primeira secretaria e um tucano na segunda secretaria.

Assim, André do Prado (PL), aliado de Valdemar Costa Neto e considerado um político moderado, comandará a Casa pelos próximos dois anos. Interessante observar que, adversários nas eleições passadas, liberais e petistas chegaram a um fácil entendimento agora. Na verdade, trata-se de uma reprise do que ocorria desde 1995 entre o PSDB e o PT, agora com um novo ator.

Na primeira secretaria ficou o deputado Tonilio Barba (PT), que reforçou o discurso do “princípio da proporcionalidade” na Alesp. Por ora, um bom ambiente entre os parlamentares, o que representa uma boa notícia para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que detém maioria na Casa, mas terá uma agenda complicada, como a pretendida privatização da Sabesp.

O clima de concórdia não impediu alguns protestos, no entanto. A bancada feminina, com 25 mulheres, deseja postos de destaque na Alesp, independentemente do partido. Trata-se de um tema que seguirá vivo ao longo da legislatura.

Há ainda o embate em torno das CPIs. O PT quer emplacar de cara, uma para investigar o tiroteio ocorrido em Paraisópolis durante a campanha do agora governador Tarcísio. Outra comissão na fila, também proposta pelos petistas, diz respeito aos contratos milionários firmados pela empresa de informática do atual secretário estadual de Educação, Renato Feder. Ruídos no horizonte.

A exemplo do que ocorre na Câmara dos Deputados, a nova Alesp é majoritariamente conservadora, com parlamentares defensores de uma pauta focada em valores familiares, religiosos e de segurança. Mais do mesmo, em suma.

Por fim, é importante ressaltar que a nova configuração da Alesp aponta a união, ao menos temporária, de dois extremos, o PL e o PT. Ambos se juntaram para superar o mito de “bom gestor” do PSDB, que vigorou no estado por décadas. Um legado que começa a ser exposto para, em seguida, ser apagado.

André Pereira César

Cientista Político

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