Uma pneumonia levou o presidente Lula (PT) a abortar a viagem que faria à China. Por recomendação médica, uma nova data será agendada com o governo daquele país. Em tempos de redes sociais, o fato gerou todo tipo de especulação sobre as reais condições do titular do Planalto.
Boatos sobre a saúde de chefes de Estado e de governo não são propriamente uma novidade. O Brasil mesmo registra em sua história episódios do gênero. A agonia do então presidente eleito Tancredo Neves, entre março e abril de 1985, mobilizou o país e teve como resultado direto uma mudança de curso nos rumos da nação. Até hoje, a doença de Tancredo gera debates sobre o que realmente aconteceu. Faltou transparência.
No caso de Lula, até o momento o governo tem atuado com clareza, mantendo a opinião pública informada sobre a evolução do quadro presidencial. A rigor, a situação está bem controlada, com o mandatário despachando até quarta-feira no Palácio da Alvorada, inclusive mantendo reuniões com ministros e assessores. A pneumonia pode se tornar rapidamente uma coisa do passado.
A questão aqui é a dependência que a nova administração tem do petismo. Essa “lulodependencia”, como se diz por aí, é danosa para o governo. Não se pode ficar nas mãos de um único jogador.
Pior, as dificuldades enfrentadas pelo Planalto nos últimos tempos - brigas com o Banco Central, problemas com a agenda legislativa, desentendimentos entre aliados e uma economia que ainda patina - mostram a necessidade de unidade na ação dos integrantes dos primeiros escalões. A máquina precisa seguir azeitada.
Portanto, fica aqui a reflexão. Somos humanos, falíveis e limitados. Não há super-homens no supermercado. O tempo passa, as pessoas envelhecem, mas o país segue seu destino. Independentemente daqueles que estiverem no comando.
André Pereira César
Cientista Político