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Política: reposicionamento de peças

Com o semestre legislativo chegando ao fim, os atores começam a alterar suas rotas, se reposicionando no jogo. Uma nova configuração do tabuleiro político está em curso.

No campo governista, o presidente Lula (PT), após extensa agenda no exterior nos últimos meses, passará a focar as negociações dentro do país, na tentativa de realizar ajustes em setores mais problemáticos da atual gestão. Nesse processo, ele delegou ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) a representação do Brasil nas conversas com outros países.

No Congresso Nacional, o novo arcabouço fiscal deverá ser aprovado, apesar de alguns desentendimentos recentes entre a Câmara dos Deputados e o Senado Federal quanto a determinados dispositivos do texto. Aqui, vitória do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que se empenhou para o êxito da matéria.

Ainda no Congresso, a proposta de reforma tributária enfrentará seu primeiro grande teste na Câmara. O parecer preliminar, apresentado dias atrás, necessita de correções e será alterado pelo relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP/PB). Mesmo com o empenho do presidente da Casa, deputado Arthur Lira (PP/AL), na aprovação do projeto, nada está garantido. As críticas de governadores e prefeitos, além de setores da economia como os serviços e o agronegócio, mostram as dificuldades em torno da questão.

Na Esplanada, a ainda ministra do Turismo, Daniela Carneiro, que está deixando o União Brasil, ganhou sobrevida no cargo, mas isso deve ser revisto em breve. O problemático partido indicou para o cargo o deputado Celso Sabino (União Brasil/PA), e a mudança deve ocorrer. Já a pressão do PP de Arthur Lira para substituir a ministra da Saúde, Nísia Trindade, por um nome apoiado pela legenda, é assunto mais delicado e demandará do presidente da República muita habilidade política.

O Banco Central, por seu turno, dará início em breve ao processo de redução da taxa básica de juros (Selic). A ata da última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), que sinaliza o início da queda já na próxima reunião, em agosto, reforça essa percepção. A pressão sobre o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, começa a surtir efeito.

No terreno da oposição, mudança importante com a iminente inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Como a política não comporta vácuo, já há nomes na disputa para assumir a condição de nova grande liderança da direita. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é tido como favorito ao posto, mas há quem aposte no mineiro Romeu Zema (Novo). O embate apenas se inicia.

Enfim, o segundo semestre caminha para ser bastante distinto dos primeiros seis meses do ano. Uma nova dinâmica na política está em gestação.

André Pereira César

Cientista Político

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