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Política: o que esperar do segundo semestre?*

Concluídas as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023 e da “PEC da Bondade”, as duas principais proposições da temporada, o Congresso Nacional entra em recesso e retomará os trabalhos somente no início de agosto. Retomará em termos. A campanha eleitoral ditará o ritmo do segundo semestre, com as atenções de todos voltadas para os movimentos dos candidatos.

O roteiro já está pré-definido. As conversas para o fechamento de alianças e coligações serão encerradas nos próximos dias e, ao longo das semanas subsequentes, as convenções partidárias tornarão oficiais as candidaturas. A partir de então, as campanhas entrarão em campo - nas ruas, nas TVs e rádios e também na internet. O jogo será bruto.

Bruto em diferentes sentidos. De um lado, o governo conta com os efeitos das medidas populistas recentemente adotadas, com benesses econômicas para diferentes setores, como caminhoneiros e taxistas. Benesses essas que contaram com o apoio da oposição, diga-se, que mesmo apoiando essas medidas por entender necessárias para de fato auxiliar os mais necessitados, assim como o Centrão, votaram todos sem o mínimo respeito pela legislação eleitoral, pelas regras fiscais e pela Constituição. A conta ficará para o próximo governo, seja ele qual for.

O jogo será bruto também em função da violência que se desenha no horizonte. As constantes ameaças de militantes bolsonaristas, em especial nas redes sociais, ganharam materialidade com a morte de um dirigente do PT, assassinado durante a comemoração de seu aniversário. Barbárie que deveria servir de alerta a todos, em especial as autoridades. Agora temos um cadáver.

As atenções estarão voltadas também para outros eventos ao redor do planeta. O conflito entre Rússia e Ucrânia, a princípio, seguirá abalando o coração da Europa, com consequências nefastas para a população do país invadido por Vladimir Putin e também para a economia mundial, contribuindo para a recessão mundial que se aproxima.

Além disso, há o risco real de que a pandemia ganhe força em breve. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que espera uma nova onda de casos de covid-19 pelo mundo causada pelas subvariantes da cepa ômicron. O diretor-geral da entidade, Tedros AdhanomGhebreyesus, pediu para que os países voltem a impor protocolos de proteção, como o uso de máscaras, para conter o avanço do vírus. Drama sem fim.

Por último, as eleições de meio de mandato (midterm) nos Estados Unidos ditarão os rumos da política na maior potência global nos próximos dois anos. Com uma administração confusa e em baixa junto ao eleitorado, o presidente Joe Biden corre o sério risco de ver os republicanos tomarem o comando da Câmara e do Senado. Entre os democratas a sensação é de desalento, e já há quem defenda a indicação de um nome alternativo no partido para disputar a Casa Branca em 2024. Seria Biden a versão atualizada de Jimmy Carter?

Como se vê, o semestre reservará fortes emoções para todos. No Brasil, a transição de um ciclo político para outro não será fácil.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

*Tema da live do dia 14 de julho de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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