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Política em movimento

Estamos perto da metade do ano e o quadro geral vai ficando cada vez mais turbulento. O Brasil é um país conflagrado e nada indica que essa situação mudará a curto e médio prazos.

. Foram registradas, nas últimas 24 horas, 1349 mortes causadas pela Covid-19, totalizando 32.548 óbitos desde o início da pandemia. Enquanto isso, os governos não se entendem quanto às medidas que devem ser adotadas para conter o avanço da doença. Com isso, o isolamento social está sendo afrouxado e o prognóstico é muito ruim para o Brasil.

. Ainda no campo da Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro vetou R$ 8,6 bilhões inicialmente incluídos no pacote para estados e municípios enfrentarem a pandemia. O dinheiro representava o saldo remanescente do Fundo de Reservas Monetárias e será utilizado no abatimento da dívida pública. A decisão desagradou parlamentares, prefeitos e governadores, pois havia um acordo entre o Planalto e o Congresso Nacional. O veto deverá ser apreciado por deputados e senadores e, dado o ambiente, poderá ser derrubado.

. Aos poucos, o vice-presidente Hamilton Mourão vai adotando um tom mais agressivo. Em novo artigo publicado na imprensa, ele criticou o decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, a imprensa e pediu mais rigor das autoridades com relação aos atos em protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, inclusive com o uso da força.

. Por falar em Mourão, o Tribunal Superior Eleitoral incluiu na pauta da próxima terça-feira, 9 de junho, duas ações, sendo uma de autoria do PSOL e outra da Rede, contra a chapa Bolsonaro/Mourão, por conta da invasão por hackers de uma página no Facebook de um movimento feminino. A retomada desse julgamento aumentará significativamente a pressão sobre o Planalto.

. Já o Supremo Tribunal Federal sinaliza que pode dar alguma trégua, a curto prazo, na atual disputa com o Planalto. Ministros da Corte analisam a possível delimitação do objeto do inquérito das Fake News. No acordo em discussão, o relator da atual ação, ministro Alexandre de Moraes, inclusive poderia vir a se declarar impedido de julgar futuras ações ligadas ao caso. Na verdade, a medida visa a construção de um consenso mínimo para que se aprove a continuidade das investigações.

. O novo presidente do BNB, Alexandre Borges Cabral, indicado pelo Centrão, ficou menos de 24 horas no cargo. Por ser alvo de uma investigação conduzida pelo TCU por conta de supostos desvios quando à frente da Casa da Moeda, acabou exonerado. A relação do governo com partidos políticos, que nunca foi das melhores, ganha um novo capítulo.

Em suma, o quadro geral é caótico e, por seu estilo de falar e agir, o presidente da República instala um ambiente de crise permanente, justamente em um momento em que a Nação precisa se unir.

André Pereira César

Cientista Político

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