Os três tiros de Kassab - Política - Hold

Os três tiros de Kassab

Conhecido no mundo político por ser hábil negociador e articulador, o ex-prefeito Gilberto Kassab realizou recentemente três movimentos que, a princípio, não tiveram sucesso. Com isso, o presidente nacional do PSD começa a ser questionado em suas ações. Terá mesmo Kassab errado em suas avaliações?

Primeiramente, o ex-prefeito recebeu em seu partido o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (MG), e lançou, com toda pompa e circunstância, sua pré-candidatura à presidência da República. Em baixa nas pesquisas e sem demonstrar confiança no projeto, o senador desistiu da disputa nacional e preferiu apostar no projeto pessoal de reeleição à presidência do Senado Federal. Em tese, um revés inicial para Kassab.

A seguir, o comandante do PSD aproximou-se do governador Eduardo Leite (RS), derrotado pelo paulista João Dória nas prévias do PSDB. O gaúcho esticou a conversa, mas, ao final, manteve-se filiado a seu partido de origem - apesar de anunciar sua renúncia ao governo estadual para seguir pleiteando o Planalto. Novo insucesso de Kassab.

Por fim, Gilberto Kassab tentou uma última cartada, a filiação do ex-governador Paulo Hartung. Político experiente e respeitado no meio, o capixaba também recusou a oferta. O presidente do PSD, ao final do processo, saiu de mãos vazias.

A falta de resultados concretos dos movimentos do ex-prefeito teve uma consequência inevitável - outras lideranças da legenda passaram a pressionar Kassab para que ele libere seus correligionários a apoiar outro candidato já no primeiro turno, seja ele Jair Bolsonaro (PL), Lula (PT) ou um nome da chamada “terceira via”. O jogo interno pode ganhar uma nova dinâmica.

É inegável que o PSD ganhou musculatura política a partir de 2018. Na Câmara dos Deputados, passou de 35 para 41 parlamentares, consolidando a condição de quarta maior bancada, ao lado do Republicanos; no Senado Federal, detém a presidência e subiu de sete para onze parlamentares, ficando atrás apenas do MDB. Além disso, o partido comanda importantes capitais, como Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Kassab tem, sim, plenas condições para negociar posições de destaque nas eleições de outubro, mesmo sem uma candidatura própria ao Planalto.

O comandante do PSD pode ter se equivocado em algumas ações, é fato. No entanto, ele e seu partido seguem como atores fundamentais no processo sucessório. O próximo presidente, independentemente do nome terá, no entorno, Kassab e seus aliados - o que, aliás, já ocorre desde o governo de Dilma Rousseff (PT).

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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