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Os movimentos no Congresso Nacional

. Em termos matemáticos, o deputado Arthur Lira (PP/AL) é maior que o presidente Lula (PT). Com o apoio de dezenove partidos, o parlamentar não tem adversário na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e terá a seu lado um leque mais amplo em comparação ao titular do Planalto.

. Com um misto de habilidade política e jogadas do interesse de seus pares, Lira poderá ter votação recorde na quarta-feira, dia da eleição da Mesa Diretora da Casa. Com isso, seu capital político, ao menos por ora, será expressivo.

. A grande questão está na distribuição das comissões permanentes. PT e PL, adversários no plano federal, mas integrantes do bloco de apoio a Lira, buscam um entendimento quanto ao comando da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante da Câmara. A proposta à mesa de negociações diz respeito a um rodízio anual entre os dois partidos.

. Quanto aos demais cargos na Mesa Diretora, PL e Republicanos deverão ocupar as vice-presidências. A deputada Maria do Rosário (PT/RS) representará seu partido no colegiado, ao ocupar a 2ª Secretaria.

. Ainda sobre Lira, ele sabe ler a conjuntura. Nessa guerra dos tronos, o deputado entende que não será um novo Eduardo Cunha, que enfrentou e derrotou uma Dilma enfraquecida. Com seu suporte político, Lula é um alvo muito mais difícil de ser batido.

. No Senado Federal, a situação é outra. Apesar de favorito à recondução ao cargo, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD/MG) tem um adversário incômodo, o bolsonarista Rogério Marinho (PL/RN).

. Na verdade, a candidatura de Marinho transformou-se em uma trincheira do bolsonarismo. Não por acaso, o principal condutor dessa operação é o senador Flávio Bolsonaro (PL/RJ), que está jogando pesado nos bastidores.

. O objetivo da candidatura do ex-ministro de Bolsonaro é ter o maior número de votos possível, para demonstrar musculatura política e fazer frente à agenda governista na Casa, a partir de agora. Calcula-se que Marinho deverá receber cerca de trinta votos.

. Confirmada a vitória na quarta-feira, Pacheco terá menos poder do que teve há dois anos. Seu principal escudo será o Palácio do Planalto, com o apoio de Lula.

. Já o senador Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), apoiador de Pacheco, verá resistência à sua recondução ao comando da Comissão de Constituição e Justiça. Seu estilo de atuação desgastou-o junto aos senadores. Ele sairá menor do processo.

. Por fim, para evitar maiores sustos, quatro senadores hoje ministros deixarão temporariamente seus cargos para votar em Pacheco. O jogo não permite vacilos.

André Pereira César
Cientista Político

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