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O novo Congresso Nacional

No âmbito do Congresso Nacional, o PL é o grande vencedor das eleições de 2022. O partido terá as maiores bancadas nas duas Casas - treze senadores e 99 deputados federais. As apostas de Valdemar Costa Neto renderam bons frutos.

Na verdade, o êxito maior é do Centrão. O bloco terá quase metade das cadeiras na Câmara dos Deputados, um desempenho que chama a atenção. Caso eleito, ao ex-presidente Lula (PT) caberá buscar um diálogo franco com os partidos que compõem o grupo. Apesar da inegável capacidade de diálogo do petista, não será tarefa fácil.

Aos números. Na Câmara, além dos 99 deputados do PL, o PP elegeu 47 e o Republicanos, 41. Somando-se o União Brasil, com 59, e o PSD, com 42, chega-se ao nada desprezo total de 288 cadeiras. O Centrão ditará o ritmo entre os deputados.

No Senado Federal, o quadro é similar, mas com viés ainda mais à direita. O PL terá a maior bancada (treze), seguido pelo União Brasil (doze), PSD (dez), e MDB, com dez. O PP terá sete senadores e o Republicanos, três. Não por acaso, a recém-eleita Damares Alves (Republicanos/DF) declarou ter a intenção de disputar a presidência da Casa. Outro nome de destaque, o ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil/PR), certamente trabalhará visando o governo de seu estado em 2026.

À esquerda, por seu lado, teve bom desempenho, mas nada que se compare ao Centrão. A Federação PT/PCdoB/PV elegeu oitenta deputados, enquanto o PDT conquistou dezessete cadeiras, a Federação PSOL/Rede quatorze, mesmo número do PSB. No Senado, serão nove representantes do PT, dois do PDT e um do PSB e da Rede. A Câmara Alta está visivelmente desequilibrada.

Chama a atenção também o tucanato, que perdeu quadros históricos e terá espaço reduzido na próxima Legislatura. A Federação PSDB/Cidadania terá apenas dezoito deputados e, no Senado, serão somente cinco cadeiras a partir do próximo ano. A rigor, o PSDB caminha para a irrelevância e será necessária uma alteração urgente de rota. Um alívio seria a eleição de algum candidato aos governos estaduais. O partido disputa segundo turno nos estados de Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Sem nenhum governador eleito, um novo partido de centro poderá surgir das cinzas de tucanos e aliados. A conferir.

De imediato, o apagar das luzes poderá trazer surpresas na cena política. Já se fala, por exemplo, na votação da proposta de reforma administrativa, há tempos engavetada na Câmara. Os derrotados nada têm a perder, o momento é de prestação de contas.

Importante destacar que nesse pleito eleitoral o conservadorismo, independente do partido, venceu e, em larga escala, sem o apoio ou vinculado à imagem ou campanha do presidente Bolsonaro. Não se trata de bolsonarismo, mas de um verdadeiro e consistente movimento conservador.

Por fim, o novo Congresso Nacional caminha para a ultradireita. Será mais conservador. Essa ala vem mais organizada e qualificada. O debate tende a melhorar. Nessa nova configuração, a pauta de costumes tende a ganhar tração, assim como uma agenda mais liberalizante no âmbito da economia. O mercado aplaude o movimento, enquanto setores populares ficam de sobreaviso.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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