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O futuro de Bolsonaro no PL

Um dos assuntos mais discutidos pelo mundo político diz respeito ao futuro da relação entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu partido. Há sinais de desconforto nas fileiras da legenda, desconforto esse que aumentou com os eventos de 8 de janeiro e o subsequente pedido de investigação sobre uma possível participação do ex-mandatário no episódio.

Derrotado por Lula (PT) no segundo turno da disputa sucessória - tendo recebido expressivos 58 milhões de votos, diga-se - Bolsonaro nunca foi unanimidade no partido. Pelo contrário, sempre houve questionamentos sobre seu comportamento por vezes mercurial. Tanto que antes de ser abraçado pelo atual partido, tentou se filiar ao PRTB e ao PP.

Mais ainda, já se detectam movimentos entre os deputados eleitos que desejam se aproximar do novo governo. Pelo menos quarenta parlamentares (de um total de 99 que tomarão posse em fevereiro) mostram-se abertos a conversas. Afinal, o poder, com seus múltiplos recursos, atrai.

Fiador do ingresso de Bolsonaro no PL, o presidente nacional da agremiação, Valdemar Costa Neto, também vê com cautela a presença do ex-mandatário. Ele tem questionado aliados, buscando sugestões sobre como agir.

Uma alternativa para o ex-presidente pode ser o de retomar o, por ora, fracassado projeto de criação de um partido próprio - “para chamar de seu” - e assim ter controle total sobre os demais integrantes. O campo da direita mais radical pode vir a ser, novamente, explorado pelo bolsonarismo.

É público e notório que Bolsonaro jamais foi um homem de partido. Sua biografia política mostra isso, uma atuação voltada para seus projetos e objetivos próprios, ligando-se por conveniência a essa ou aquela legenda. Tudo muito claro.

Enfim, o destino de Bolsonaro terá impacto sobre a política brasileira como um todo. Caso ele não se movimente com rapidez e eficiência, corre o sério risco de perder terreno para outros com perfil similar ao seu, como o governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) e o ex-vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos). Isso é a política.

André Pereira César

Cientista Político

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