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O Centrão avança

A mudança no comando da Caixa Econômica Federal (Caixa) representa mais uma vitória para o Centrão, especialmente para o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL). O parlamentar foi o principal avalista da indicação do novo presidente do banco, Carlos Fernandes, funcionário de carreira.

De outro lado, a agora ex-presidente Rita Serrano saiu chamuscada do episódio. Desde a posse, meses atrás, sua gestão foi marcada por polêmicas e críticas. Cabe lembrar aqui que, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), a instituição viveu momentos de turbulência, com o então presidente Pedro Guimarães que responde a denúncias de assédio. Tempos sombrios para a Caixa.

Agora será importante observar os próximos movimentos do Centrão. O bloco certamente buscará ampliar ainda mais seu espaço no governo Lula (PT). Além das vice-presidências da Caixa, a Funasa está no radar, bem como outros postos fora da Esplanada. O titular do Planalto precisará de habilidade política para conter os arroubos do grupo.

O avanço do Centrão (legítimo, diga-se) tem como um dos pilares o posicionamento de Lira, hoje mais próximo ao Planalto. O que se vê é a Câmara aprovando matérias de interesse do governo, em especial na seara econômica. Na prática, as lideranças da Casa estão entregando o prometido a Lula - coisa que não ocorre no centrão do Senado Federal de Rodrigo Pacheco (PSD/MG) e Davi Alcolumbre (União Brasil/AP), que perderam espaço após a última minirreforma ministerial.

Tanto que a amarga realidade no Senado já foi imposta ao governo. No último dia 25 de outubro, os senadores rejeitaram por 38 votos contrários e 35 favoráveis, o nome de Igor Roberto Albuquerque Roque para o cargo de defensor público-geral federal da Defensoria Pública da União (DPU). Recados estão sendo dados.

Há, porém, outra faceta nesses movimentos do Centrão da Câmara. Ao aceitar as demandas do bloco, o presidente da República fica mais e mais refém, com todos os riscos decorrentes desse quadro. Qualquer ruído dentro da base pode ter consequências sérias para o governo. Dadas as profundas diferenças entre os partidos que integram a coalizão, conflitos internos não podem ser descartados.

Enfim, o Centrão se consolida como importante força na cena política brasileira, para o bem ou para o mal. Com Lira no comando dessa força política na Câmara dos Deputados, o avanço do grupo parece incontrolável, ao menos por ora.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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