Novos movimentos sucessórios - Política - Hold

Novos movimentos sucessórios

Em pleno processo de “janela partidária”, o mundo político vive um período de ebulição. Legendas e pré-candidatos à cadeira do Planalto se movimentam visando conquistar apoios para o pleito de outubro. Muita água rolará até o início de abril.

A aliança Lula-Alckmin segue no horizonte, mas alguns obstáculos ainda atrapalham a materialização da chapa. O principal entrave, hoje, está justamente em São Paulo - o ex-governador Márcio França não quer viver, novamente, à sombra de Alckmin. Assim, a possibilidade de o ex-tucano filiar-se ao PV começa a ganhar corpo. Na prática, seria um revés para Alckmin, dado o papel pouco relevante da nanica legenda na cena política nacional.

No governo, o presidente Jair Bolsonaro (PL) segue em campanha e trabalha para reforçar o palanque em São Paulo, com o ministro e pré-candidato a governador Tarcísio de Freitas, um nome com potencial para ao menos chegar ao segundo turno no estado.

Ainda sobre o titular do Planalto, ele sancionou o projeto que altera as regras de incidência do ICMS sobre os combustíveis. Trata-se de um mero paliativo para conter a alta de preços, que afeta diretamente os governadores. Populismo puro que serve muito mais para auxiliar no discurso de defesa do governo pela sua rede de apoio mais radical do que propriamente alterar as regras do jogo. Tanto que o outro projeto que criava o fundo de compensação e de auxílio aos motoristas de baixa renda sequer constou da pauta de prioridades do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e dificilmente avançará.

Com a desistência do senador Rodrigo Pacheco (PSD/MG) na disputa pela sucessão presidencial, ganha força a candidatura do governador gaúcho Eduardo Leite, ainda no PSDB mas em negociação aberta com o PSD de Gilberto Kassab. Seria uma maneira da chamada “terceira via” ganhar tração - Leite é jovem, moderado e poderá atrair setores importantes do empresariado. O mercado aplaudiria a eventual candidatura. Nesse caso, mais um obstáculo para Ciro Gomes (PDT/CE), que tenta a todo custo ocupar essa vaga dos nem-nem (nem Lula, nem Bolsonaro).

Entre os demais nomes no jogo sucessório, as dificuldades seguem as mesmas. Sérgio Moro (Podemos) e João Dória (PSDB) patinam nas pesquisas, sem empolgar o eleitorado. Já o senador Alessandro Vieira abriu mão da sua pré-candidatura ao Planalto e deixou o Cidadania para ingressar no Podemos, onde declarou apoio à candidatura Moro.

Simone Tebet (MDB/MS) continua firme na sua pré-campanha, apesar do desempenho discreto nas pesquisas, com olhos em uma possível composição e apoio a outro candidato ainda para o primeiro turno das eleições. Não custa lembrar que o MDB fará parte do governo, seja ele qual for.

Mesmo que ainda distante do pleito de outubro, já é possível afirmar, dados os últimos movimentos, que algumas candidaturas dificilmente se tornarão competitivas e novas desistências deverão ser observadas. O jogo das cadeiras ainda está só começando.

André Pereira César
Cientista Político

Alvaro Maimoni
Consultor Jurídico

Comments are closed.