Nos Estados Unidos, uma “super terça-feira” - Política - Hold

Nos Estados Unidos, uma “super terça-feira”

Conforme afirmamos nesse espaço no final de 2023, a Suprema Corte norte-americana manteve a possibilidade do ex-presidente republicano Donald Trump candidatar-se nas eleições desse ano. Como se diz, ele está alive and kicking. E com chances reais de retomar o comando do país.

Aos fatos. Das quinze primárias realizadas pelo Partido Republicano na terça-feira, 5 de março, em pelo menos onze Trump foi o vencedor. Sua adversária, Nikki Haley, não demonstrou a mínima força e apareceu como uma espécie de coadjuvante de luxo no processo de decisão da legenda.

Do outro lado, o presidente Joe Biden também caminha sem sustos para receber a indicação dos Democratas na disputa pela reeleição no segundo semestre. Apesar das críticas que vem recebendo pela atual gestão, ele não tem adversários na legenda. Sua recandidatura, hoje, é fato praticamente consumado. Jogo jogado.

Interessante observar que os dois potenciais candidatos se reencontrarão nas urnas em um ambiente de desconfiança do eleitorado com relação à capacidade de ambos de enfrentar o atual cenário - tanto local quanto global. Indo além, são dois nomes com idade avançada, o que alimenta as especulações sobre a futura administração, seja qual for o vencedor.

Aqui cabe outra observação. Trump foi derrotado por Biden em 2020, quando tentava a reeleição em meio ao caos da pandemia da COVID-19. Naquele momento, a vitória de Biden deu-se, em larga medida, pela falta de capacidade do então presidente de aglutinar forças políticas em torno de si em um momento crítico para o país - e também para o planeta. Vitória do antigo vice-presidente de Barack Obama.

No caso de Trump, também cabe outro registro. A história registra poucos casos nos quais o presidente em função foi derrotado na tentativa de reeleição - Jimmy Carter e George Bush (pai) são os casos mais recentes. Donald Trump, nesse sentido, será quase uma fênix, renascendo das cinzas, para o bem e para o mal.

Por fim, a eventual vitória do candidato Republicano sem dúvida terá impacto ao redor do mundo. Figuras como Viktor Orbán, na Hungria, e o argentino Javier Milei se sentirão reforçadas, e a democracia tal qual a conhecemos seguirá em xeque. Notícias nada alvissareiras.

E o Brasil nesse jogo? O potencial êxito da campanha de Trump sem dúvida incentivará a ultradireita local nas eleições municipais do segundo semestre. Lembremos, trumpismo rima com bolsonarismo. Afinal de contas, para esse grupo mais extremado, “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, como já dizia o embaixador do Brasil em Washington nos anos 1960, Juracy Magalhães. Simples assim.

André Pereira César

Cientista Político

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