Mudança de rota - Política - Hold

Mudança de rota

Um dos grandes vencedores das eleições de 2022, o PL está em uma encruzilhada. As denúncias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle no caso das joias árabes minaram a estratégia do partido para divulgar sua agenda liberal e conservadora pelo país. Freio puxado.

O escândalo das joias, vazado pela imprensa, ainda carece de esclarecimento. No momento, está claro que protocolos não foram respeitados e, mais ainda, ilícitos foram cometidos. Há algo de podre no reino de Brasília.

Assim, uma agenda anteriormente programada pelo PL simplesmente fez água. O partido pretendia dar início hoje, 8 de março, Dia da Mulher, ao giro nacional de Michelle para divulgar as ideias e propostas da legenda. No limite, a ex-primeira-dama passaria de porta-voz à condição de pré-candidata. Presidenciável, talvez.

Além disso, o próprio ex-presidente alterou seu roteiro. A princípio, ele retornaria ao Brasil em 15 de março, ou data próxima, mas os eventos recentes mudaram tudo. A avaliação de aliados de Bolsonaro é a de que sua presença no país agora aumentaria os ruídos em torno da história das joias e ofuscaria qualquer debate político. Recuar é a palavra do momento.

No PL, o clima é de constrangimento e de desentendimento. O partido, comandado pelo pragmático Valdemar Costa Neto, tem alas que não são ligadas ao bolsonarismo. Pelo contrário, esses grupos sempre manifestaram reservas à presença do ex-presidente na legenda. Maior bancada na Câmara dos Deputados, boa parte dos liberais inclusive se aproxima do governo Lula (PT).

De todo modo, Bolsonaro segue montando sua equipe de comunicação para atuar no Brasil. O bolsonarismo, como se sabe, ainda é uma força política que não pode ser desprezada. Seria um erro do atual grupo no poder deixar de lado essa questão.

Enfim, um projeto inicialmente construído precisou fazer uma correção de rota. A evolução das investigações em torno das joias dará os rumos finais. O eleitor bolsonarista raiz, porém, seguirá fiel ao seu líder. E continuará a fazer barulho.

André Pereira César

Cientista Político

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