A rigor, Minas Gerais compõe, ao lado de São Paulo e Rio de Janeiro, o chamado “Triângulo das Bermudas” da política brasileira. Historicamente, o estado tem grande influência sobre os rumos da nação - inclusive dando nomes como Juscelino Kubsticheck e Tancredo Neves, entre muitos outros. Os mineiros pesam na história nacional.
Eleito na onda bolsonarista de 2018, o governador Romeu Zema (Novo) tenta a reeleição. Até então neófito no mundo político, ele realiza uma gestão que divide a população - alguns consideram-no sem capacidade de enfrentar os obstáculos estaduais, enquanto outros avaliam que responde bem aos problemas, em especial no que diz respeito à questão fiscal.
Seu principal adversário é o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que conta com o suporte total do presidente nacional de seu partido, o sempre presente Gilberto Kassab. Mais ainda, o comandante do governo da capital do estado ensaia uma aproximação com o ex-presidente Lula (PT), hoje líder da disputa pela sucessão presidencial.
Os demais postulantes, por ora, são meros coadjuvantes. Entre eles está o deputado federal André Janones (Avante) - ele, por sinal, se apresenta também como pré-candidato à presidência da República. O MDB, por sua vez, poderá lançar o senador Carlos Viana.
A polarização dá o tom da disputa mineira, esse é o fato inegável. Segundo a última pesquisa de intenção de voto disponível, realizada pelo instituto Atualiza Dados para o jornal Estado de Minas e divulgada em 20 de fevereiro, Zema aparece com 47% das citações, contra 17% de Kalil. Os demais não atingem, somados, os dois dígitos.
Fala-se sempre que, em qualquer eleição presidencial brasileira, Minas Gerais tem papel fundamental. Lula tende a fechar com Kalil, enquanto o titular do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), trabalha para se reaproximar efetivamente de Zema, a quem apoiou em 2018, mas teve desentendimentos nos últimos tempos. Quem se sair melhor nessas negociações dará passo importante para o sucesso em outubro.
André Pereira César
Cientista Político
