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Governo em expansão

A chamada “frente ampla”, que elegeu o presidente Lula (PT) no pleito do ano passado, está em processo de expansão. Aos partidos que integram o grupo estão se juntando outras legendas. O governo vai mudando de configuração.

Anteriormente alinhado ao governo de Jair Bolsonaro (PL), o Centrão cava espaço na atual administração. O União Brasil, por exemplo, tem no futuro ministro do Turismo, Celso Sabino, seu principal representante. As lideranças do partido, no entanto, têm outras demandas - a Embratur, hoje comandada pelo neopetista Marcelo Freixo, está na mira. A disputa representa um problema para o titular do Planalto.

O PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira também avança sobre o governismo. Inicialmente, o partido desejava o ministério da Saúde, mas essa pretensão foi rapidamente recusada pelo presidente Lula, que blindou a titular da pasta, Nísia Trindade. Agora, o alvo é o ministério do Desenvolvimento Social, por ora nas mãos de Wellington Dias (PT). Também a Caixa Econômica Federal poderá ser comandada em breve por um integrante da legenda.

Já o Republicanos é um caso à parte. As lideranças do partido têm reafirmado sua posição de independência em relação ao Planalto. No caso, qualquer indicação de um membro da legenda será vista como da cota pessoal do presidente. Nada partidário - e já se fala no deputado Silvio Costa Filho como possível titular do ministério do Esporte, hoje nas mãos da ex-jogadora de vôlei Ana Moser.

A rigor, PL e Novo são os dois partidos que realmente estão na oposição. Mesmo assim, o pragmatismo de Valdemar Costa Neto pode levar a conversas com o Planalto, em algum momento. Aqui, o grande obstáculo é o ex-presidente Bolsonaro, adversário visceral de Lula e seus aliados “comunistas”. Não há a menor possibilidade de conversas entre o atual governo e os bolsonaristas mais radicais.

Por fim, há outros espaços no governo para acomodar potenciais aliados. O poderoso Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e a Funasa podem ser utilizados como compensação para lideranças partidárias ainda não contempladas na atual administração.

O segundo semestre terá início com novos integrantes nos primeiros escalões do governo. Resta saber como o presidente administrará um grupo tão heterogêneo e com interesses absolutamente distintos e com as eleições municipais de 2024 como um objetivo a ser alcançado.

André Pereira César

Cientista Político

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