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Governo Bolsonaro: segundo semestre em perspectiva

A segunda metade de 2021 será de intensa movimentação política. Alguns temas que podem impactar a própria continuidade do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) e o processo sucessório merecem atenção especial.

Pandemia e vacinação - a pandemia lentamente perde força e o segundo semestre tende a registrar número menor de casos de COVID-19 no Brasil. O avanço da vacinação reforça essa percepção. Há um risco, porém, com o surgimento das novas variantes.

CPI da Covid - a prorrogação dos trabalhos da CPI da Covid no Senado Federal aumentará a pressão sobre o presidente Bolsonaro. O novo foco de investigações, a suposta corrupção no ministério da Saúde, gerará mais desgaste para o Planalto e o possível surgimento de fatos novos será uma sombra permanente sobre o governo.

Trocas partidárias - atores políticos relevantes movimentarão os partidos ao longo dos próximos meses. Deputados da chamada “ala jovem”, como Tábata Amaral e Kim Kataguiri, buscam novas agremiações. Também o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM, pode se filiar ao PSD - que também negocia com o ex-governador tucano Geraldo Alckmin.

Reformas - são remotas as possibilidades das propostas de reformas em discussão no Congresso Nacional, em especial a tributária e a administrativa, avançarem nos próximos meses. Além da ausência de um consenso mínimo em torno do mérito, a proximidade das eleições praticamente inviabiliza uma discussão mais aprofundada a curto e médio prazos.

Vaga no STF - no Senado, será grande a pressão sobre o nome indicado pelo presidente Bolsonaro para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal. Ex-ministro da Justiça, André Mendonça está longe de ser uma unanimidade entre os senadores, e muitos deles já se manifestaram contrariamente ao escolhido. Ao Planalto será necessário negociar muito bem para que Mendonça seja aprovado.

Popularidade e impeachment - em queda, a avaliação popular de Bolsonaro tende a se manter em patamares baixos no segundo semestre. Mesmo assim, e apesar do avanço das investigações da CPI da Covid, o impeachment segue com poucas chances de ocorrer. O afastamento do presidente não é do interesse do establishment político.

Saúde do presidente - a recente internação de Bolsonaro acendeu um sinal de alerta sobre as reais condições de saúde do titular do Planalto. Às vésperas do início da campanha eleitoral de 2022, o presidente da República precisa estar em plenas condições físicas e mentais.

Reforma ministerial? - para melhorar as relações entre Executivo e Legislativo, aliados de Bolsonaro pressionam por mudanças no primeiro escalão do governo. Em especial, defende-se a presença de um senador em uma pasta de destaque - por exemplo, a Casa Civil. Uma minirreforma ministerial não seria surpresa nos próximos meses.

Economia - o controle da pandemia leva à retomada das atividades e, consequentemente, a um melhor ambiente na economia. Os números já mostram isso, com o PIB gradualmente se recuperando. O grande desafio será levar essa recuperação para a população em geral, pois a inflação, o desemprego, o subemprego e o desalento seguem em níveis catastróficos.

André Pereira César
Cientista Político

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