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Governo Bolsonaro: a política brasileira em sete tópicos

Às vésperas do feriado de Corpus Christi, diversos assuntos movimentam os mundos político e econômico. Além dos tópicos abaixo, o Brasil pode enfrentar uma terceira onda da COVID-19 e uma crise energética sem precedentes. Sinal amarelo para todos - governo, oposição e sociedade em geral.

OMS e Coronavac - a Organização Mundial de Saúde (OMS) finalmente aprovou o uso emergencial da Coronavac, abrindo espaço para a utilização da vacina em todo o planeta.

Para além do impacto político local, dado que a vacina foi patrocinada pelo estado de São Paulo – diga-se governador João Dória (PSDB) –, a decisão da OMS mostra que está em curso um movimento global de acesso às vacinas e amplamente favorável à ciência - ou seja, não há espaço para o negacionismo.

Nise Yamaguchi na CPI – o senso comum é de que foi negativo para o governo o depoimento da médica Nise Yamaguchi à CPI da Covid no Senado Federal. Ela negou declarações de outros integrantes e ex-integrantes da atual administração e, ao final, expôs uma série de contradições. Sua participação foi duramente criticada por senadores e também por diversos outros especialistas.

O depoimento de Yamaguchi apenas reforçou a fragilidade do governo, que vê esvaziar o discurso no avançar das investigações. Fica cada vez mais claro que a CPI terá impacto relevante nas eleições do próximo ano.

Pazuello no governo - o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi nomeado para a secretaria de Assuntos Estratégicos da presidência. A decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode ser interpretada como uma manobra para evitar que o general receba punição disciplinar do Exército em função de sua participação em evento político favorável ao titular do Planalto.

A crise na caserna está longe de uma conclusão e pode ter consequências negativas para Bolsonaro.

Vetos presidenciais - o Congresso Nacional, em sessão plenária conjunta, derrubou dezessete vetos do presidente Bolsonaro. Entre eles estão o que garante ao pai solteiro receber duas parcelas de R$ 600 do auxílio e o que destina recursos para acesso à internet por alunos e professores de escolas públicas.

Fruto de acordo entre governo e oposição, a derrubada dos vetos reforça a percepção de que o Planalto tem uma base de sustentação sem forças no Congresso e dá o sinal de que o parlamento vota e votará aquilo que for do seu interesse, e não do governo. Um indicativo ruim para o avanço das reformas, que necessitam de quórum qualificado para serem aprovadas.

Bolsonaro e os partidos - praticamente filiado ao Patriota, Bolsonaro tem agora um partido para chamar de seu. Confirmado o ingresso na legenda, ele deverá ter o controle nacional sobre seus correligionários.

Importante aqui uma anotação. O presidente da República recentemente tentou filiar-se ao PP, referência do Centrão. O comando do partido, no entanto, vetou a filiação. O recado foi claro - o PP é aliado de Bolsonaro, mas não é Bolsonaro. Assim, um eventual rompimento, em qualquer momento, não está descartado.

Policiais militares - a violenta repressão a manifestantes contrários ao presidente da República durante protesto no Recife (PE), no último final de semana, reabriu os debates em torno do uso político das polícias militares. A questão é séria.

Há o entendimento, entre observadores da cena política, de que Bolsonaro pode ganhar espaço nos estratos inferiores das corporações para, a partir de agora, utilizar-se dessas forças para pressionar a oposição. No limite, um risco para a democracia.

Copa América no Brasil - após as desistências da Colômbia e da Argentina, o Brasil aceitou sediar a Copa América de futebol, ao custo de R$ 635 milhões, com início previsto para o próximo dia 13. A decisão foi do próprio Bolsonaro, que calcula ter algum ganho político com a realização do evento no país.

A entrada de onze delegações estrangeiras no território brasileiro, porém, introduz um elemento extra de risco para a população. Novos infectados, com possíveis novas variantes da COVID-19, poderão agravar o já combalido quadro sanitário do país. Aposta de risco do Planalto.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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