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Estado atual da opinião pública

Três pesquisas recém-publicadas (DataFolha, Exame/Ideia e Ipespe) atualizam o quadro da disputa sucessória e mostram que não há um franco favorito na disputa. O ex-presidente Lula (PT) segue na liderança, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) timidamente começa a recuperar o terreno perdido.

. De acordo com o DataFolha, o petista tem hoje 43% das intenções de voto, contra 26% do titular do Planalto. Em relação ao levantamento anterior, realizado em dezembro, a diferença entre os dois caiu significativamente - Lula tinha 48% das citações e Bolsonaro 22%. O atual presidente, como se vê, segue competitivo no jogo.

. A chamada “terceira via”, por sua vez, não consegue decolar. Sérgio Moro (Podemos) tem 8%, Ciro Gomes (PDT) 6% e João Dória (PSDB) 2%. O tempo passa e a janela de oportunidade para o bloco vai se fechando - na verdade, hoje está mais para uma escotilha.

. A rejeição continua a ser um problema sério para o presidente. Nada menos que 55% dos eleitores não votariam nele “de jeito nenhum”, enquanto 37% jamais votariam em Lula. Dória, por sua vez, tem 30% de rejeição, e Moro 26%.

. Entre os evangélicos, a divisão é clara. Lula tem rejeição de 48% entre eles, enquanto 43% jamais votariam em Bolsonaro. Trata-se de um importante flanco a ser explorado pelas duas campanhas até outubro.

. O levantamento Exame/Ideia, por sua vez, reforça a percepção de que a economia é a principal preocupação do brasileiro. Somados, os itens “desemprego”, “inflação” e “fome/miséria” atingem 49% da questão “principal problema do país”, contra 20% de “saúde”. Relevante na disputa de 2018, o quesito “corrupção” tem apenas 10% das citações, ocupando a 6ª colocação nos itens de prioridades do eleitor.

. Ainda segundo a pesquisa Exame/Ideia, 74% dos eleitores consideram que a geração de empregos deveria ser a prioridade do próximo presidente. Ou seja, os postulantes ao Planalto não terão como fugir do tema ao longo dos próximos meses.

. Apesar de fundamental para quem dele depende, o Auxílio Brasil atinge uma minoria da população. Segundo o Exame/Ideia, apenas 15% dos brasileiros recebem a ajuda do governo federal.

. Por fim, o Ipespe aborda a questão do reajuste nos preços dos combustíveis. Na opinião de 75% dos brasileiros, a guerra na Ucrânia influiu ao menos um pouco na alta dos preços. O conflito divide a responsabilidade com o presidente Bolsonaro (70%), governadores (68%), governos Lula e Dilma (60%) e o Supremo Tribunal Federal (56%). Ou seja, não se aponta um único “culpado”, o que representa uma boa notícia para o governo federal.

. Diferenças metodológicas à parte, as séries históricas das pesquisas apontam uma convergência de números, deixando claras as tendências no horizonte. O pleito de outubro ganha forma.

. Resumo da ópera - por diversas razões pode-se afirmar que a disputa sucessória, apesar dos números das três pesquisas demonstrarem ao longo do tempo e de forma consistente que Lula vence todos os candidatos no segundo turno, ainda está em aberto, mas principalmente porque a campanha eleitoral efetivamente ainda não começou. A única certeza que se tem nesse momento é a polarização entre Bolsonaro e Lula, que ganha cada vez mais espaço entre o eleitorado. A terceira via perde fôlego e pode nem chegar viva a outubro.

André Pereira César
Cientista Político

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