Eleições: montagem de palanques na reta final* - Política - Hold

Eleições: montagem de palanques na reta final*

A mais recente pesquisa Genial/Quaest, divulgada na quarta-feira, 6 de julho, mostrou que a disputa presidencial, em linhas gerais, está restrita aos dois principais postulantes, o ex-presidente Lula (PT) e o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL). Os demais, incluindo Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), são meros coadjuvantes. Desse modo, os ajustes nos palanques estaduais ganharam celeridade, com importantes acertos estabelecidos nos últimos dias. Mas muito ainda falta a ser resolvido.

Aos números. De acordo com o levantamento, o petista teria 45% dos votos, contra 31% de Bolsonaro. Somados, os demais pré-candidatos atingiriam apenas 11%. A chamada “terceira via”, como se vê, não cativou o eleitor e, dada essa realidade, os atores políticos consolidam suas posições nos estados em torno dos dois líderes.

Em São Paulo, PT e PSB finalmente resolveram o impasse e o ex-governador Márcio França (PSB) abrirá mão da disputa pelo governo e tentará o Senado Federal. A aliança ganha duas vezes com esse movimento - de um lado, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) fica com terreno livre no pleito para o governo estadual, com boa liderança sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB) e, ao mesmo tempo, França aparece bem à frente na batalha por uma cadeira na Câmara Alta, longe de Pauli Skaf (Republicanos), Carla Zambelli (PL) e Janaína Paschoal (PRTB).

Ainda sobre São Paulo, o ex-ministro Tarcísio, candidato de Bolsonaro, está recebendo o apoio do PSD de Gilberto Kassab. Adesão importante, que poderá dar algum fôlego às pretensões eleitorais do presidente da República no estado.

Já em Minas Gerais, PSD e PT estão juntos na disputa pelo governo. Os petistas cederam a vaga ao ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), com o apoio de Lula. O desafio não será fácil, porém. O governador Romeu Zema (Novo) aparece com boa vantagem nas pesquisas e sua reaproximação com Bolsonaro pode levar à recondução ao cargo.

O Rio de Janeiro assiste a um equilibrado embate entre o governador Cláudio Castro (PL) e o deputado Marcelo Freixo (PSB). O atual titular, em tese, é apoiado por Bolsonaro, mas tem evitado atacar Lula - que está ao lado de Freixo. Para o Senado Federal, ainda não se resolveu o impasse entre o petista André Ceciliano e o socialista Alessandro Molon. Esse imbróglio deixará sequelas no processo eleitoral, sem dúvidas.

No Rio Grande do Sul os palanques seguem indefinidos. Entre os gaúchos, PT e PSB não se entendem quanto à disputa contra o ex-governador Eduardo Leite (PSDB). O ex-deputado Beto Albuquerque (PSB) e o deputado estadual Edegar Pretto (PT) lutam entre si pela candidatura única do bloco. Essa divisão, no limite, será prejudicial aos dois.

Por fim, Pernambuco, estado tradicionalmente comandado pelo PSB, a deputada Marília Arraes (Solidariedade) lidera as pesquisas. Ex-petista, ela conta com a simpatia de Lula e de antigos correligionários, mas o PT oficialmente caminha ao lado do também deputado Danilo Cabral (PSB). Mais um desentendimento que pode afetar o desempenho das duas legendas em outubro.

Faltando poucos dias para o início das convenções partidárias que definirão candidaturas e alianças, os ajustes chegam à reta final nos estados. As eleições, tanto do presidente quanto de governadores, podem ser decididas nos detalhes. Quem errar menos terá maiores chances de êxito.

*Tema da live do dia 7 de julho de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

André Pereira César
Cientista Político

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