Eleições de 2022: o desafio do social - Política - Hold

Eleições de 2022: o desafio do social

A questão social tomou conta da agenda do país e, inevitavelmente, estará no centro das atenções dos próximos governos – federal, estaduais –, independentemente das colorações político-ideológicas. Mais que grave, o quadro é dramático. A escalada do desemprego, o aumento do endividamento da população – já se fala em mais de 60% - e, principalmente, a fome, são desafios que terão, obrigatoriamente, que ser enfrentados pelos candidatos.

Um exemplo. O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar no plenário virtual se mantém a decisão liminar do ministro do Luís Roberto Barroso, que suspendeu as ações de despejos na pandemia da Covid em áreas urbanas e rurais. A decisão foi proferida no âmbito de uma ação movida pelo PSOL. A liminar, que impedia qualquer despejo até 31 de dezembro próximo, foi estendida até o mês de março de 2022.

O ministro Barroso, ao estender esse prazo, considerou que a medida era urgente, diante da existência de cerca de 123 mil famílias ameaçadas de despejo no país, além do agravamento severo das condições socioeconômicas, o que provocaria o risco de aumento do número de desabrigados.

Esse é apenas um exemplo. Basta andar por uma grande cidade, como São Paulo ou Rio de Janeiro, para aferir a realidade. Famílias nas ruas, em uma situação de desespero. “Miséria miséria em qualquer canto”, como diz a canção.

Pior, os números são ruins e a expectativa é tenebrosa. PIB em consistente trajetória descendente, inflação em alta - que afeta os mais pobres, diga-se - desemprego e desalento. O Brasil andou para trás nos últimos anos. A fome voltou ao radar do país.

Diferente das campanhas dos últimos anos, a de 2022 será, em tudo, singular. Temas há muito esquecidos voltaram à tona. Fome, desemprego, desigualdade e inflação certamente tomarão conta de boa parte dos debates dos candidatos.

O alerta está dado. Não basta um Auxílio Brasil ou qualquer programa assistencialista similar. Políticas públicas efetivas são mais que necessárias para ao menos minimizar o quadro. Trata-se de uma questão civilizatória.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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