Eleições 2022: um longo segundo turno - Política - Hold

Eleições 2022: um longo segundo turno

O longo e sinuoso período eleitoral teve encerrado o primeiro turno no domingo, 2 de outubro. No âmbito nacional, a disputa ficou para o segundo turno. Nos estados, ficou evidente que o Brasil segue dividido.

Aos fatos. O ex-presidente Lula (PT) e o titular do Planalto, Jair Bolsonaro (PL) chegarão à segunda rodada em condições absolutamente similares. O petista carregará consigo o carisma e a força de seu partido e aliados, enquanto Bolsonaro trabalhará sua militância e o peso da caneta presidencial. Jogo bruto.

A rigor, Lula traz consigo a memória de seu governo, onde o Brasil cresceu e distribuiu riqueza. Bolsonaro, por sua vez, terá como trunfos a defesa da agenda de costumes - família, ordem e algo mais - e a continuidade de seu governo como principais ativos. Boa parte do eleitorado compra essa tese.

O primeiro turno, como dito, deixou claro que o país está dividido. O lulismo e o bolsonarismo são realidades que não se pode negar. Estão aí, para quem quiser ver.

No âmbito da Câmara dos Deputados, o PL, partido de Bolsonaro, conquistou a maior bancada - são quase cem deputados eleitos pela legenda. A aposta do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, hoje aliado de Bolsonaro, deu certo. Em seguida vem a aliança do PT, com oitenta eleitos. Na Casa, a disputa será no mínimo interessante.

No Senado Federal, o quadro é favorável ao titular do Planalto. Das 27 cadeiras eleitas, pelo menos vinte simpatizam com o bolsonarismo - Damares no Distrito Federal e o astronauta Marcos Pontes em São Paulo resumem a ópera. O ex-ministro Sérgio Moro representa a cereja do bolo.

Os institutos de pesquisa estão em xeque. Em larga medida, os resultados do pleito não confirmaram o que os levantamentos apontavam. Ao contrário, o que se viu foi a força de grupos que não apareciam na disputa. Erros que já estão sendo cobrados pela opinião pública. O modelo em questão, certamente sofrerá ajustes, sob pena de descrédito total.

Enfim, o segundo turno está aí. Lula e Bolsonaro colocarão à prova a capacidade de mobilização de cada um. Lideranças estarão em jogo.

André Pereira César
Cientista Político

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