Eleições 2022: sobre as candidaturas menores - Política - Hold

Eleições 2022: sobre as candidaturas menores

Após falarmos, nesse espaço, das quatro principais candidaturas ao Planalto, abordaremos os outros oito postulantes. Sem chances na disputa, o objetivo deles é marcar posição e, no limite, tentar alavancar seus partidos nas eleições para a Câmara dos Deputados - afinal, os recursos dos fundos Partidário e Eleitoral são definidos a partir do tamanho das bancadas federais.

Soraya Thronicke (União Brasil) - advogada, a senadora por Mato Grosso do Sul representa o União Brasil, partido com os maiores recursos dos fundos Partidário e Eleitoral. Apesar do anunciado peso econômico, sua candidatura é apenas figurativa. A legenda está dividida entre bolsonaristas e alguns poucos simpatizantes a Lula. Sua família, de origem alemã, é proprietária de uma rede de motéis no estado. Ex-defensora de Jair Bolsonaro (PL) no Parlamento – se elegeu com o slogan “a senadora do Bolsonaro” – , rompeu com o presidente. Apesar do desempenho pífio, sua candidatura certamente renderá frutos no futuro. Ela está se tornando conhecida nacionalmente e, com mais quatro anos de mandato no Senado Federal, poderá pleitear postos de destaque na Casa.

Felipe D’Ávila (Novo) - paulistano de nascimento, cientista político e empresário, o representante do Novo coordena o Centro de Liderança Pública (CLP), entidade sem fins lucrativos que promove estudos sobre o Brasil e é patrocinada por grandes empresas. Casado com uma filha do empresário Abílio Diniz, tem fortes conexões com as elites econômica e financeira do país.

Constituinte Eymael (DC) - nascido em Porto Alegre (RS), o advogado e empresário José Maria Eymael é figura lendária da política brasileira. Deputado federal por dois mandatos, passou por diversos partidos - PDC, Arena, PDS, PTB, PPR, PPB - e hoje está na Democracia Cristã (DC). Esta será a sexta vez que disputará a presidência da República, sempre acompanhado de seu icônico jingle - um dos mais lembrados no cancioneiro político nacional.

Léo Péricles (UP) - nascido em Belo Horizonte (MG), o candidato é técnico em eletrônica e cursou biblioteconomia, mas não concluiu. Péricles já passou pelo PSOL e pelo PDT e, desde 2020, está filiado ao Unidade Popular (UP), partido que fundou e preside. Ocupou cargos de diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE) e, hoje, integra o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB). Em 2020, foi candidato a vice-prefeito da capital mineira, e sua chapa recebeu 8% dos votos.

Pablo Marçal (Pros) - natural de Goiânia (GO), o empresário, bacharel em Direito e coach tenta se aproveitar da fama recém adquirida para alavancar sua candidatura. Em janeiro de 2022, ele conduziu cerca de sessenta pessoas a uma montanha em São Paulo. As condições metereológicas desfavoráveis quase causaram uma tragédia, não fosse a ação do Corpo de Bombeiros. A partir desse evento, Marçal ingressou na política, filiando-se ao Pros. Sua candidatura, no entanto, está sendo questionada pelas próprias lideranças do partido, que defendem o apoio ao ex-presidente Lula (PT).

Roberto Jefferson (PTB) - advogado, foi apresentador de programas populares de televisão. Natural de Petrópolis (RJ), foi uma espécie de “dono” de seu partido por muitos anos. Deputado federal por seis mandatos consecutivos, teve seus direitos políticos cassados na esteira do escândalo do mensalão, do qual foi um dos protagonistas. Recentemente, aproximou-se do bolsonarismo, adotando um discurso mais radical em defesa da agenda de costumes do titular do Planalto. Preso em agosto de 2021 no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos, ele está inelegível e sua candidatura existe por força de liminar.

Sofia Manzano (PCB) - a paulistana Sofia Manzano é economista com mestrado em Desenvolvimento Econômico e professora. Milita no PCB desde 1989 e, em 2014, foi candidata a vice-presidente da República concorrendo com Mauro Iasi. Presidiu a União da Juventude Comunista (UJC). Na década de 90, teve papel importante na construção de laços de seu partido com outras legendas de esquerda no continente e em Portugal. Uma curiosidade - ela participou, como flautista, das gravações do disco “Zimbo Trio e as crianças”, no final dos anos 80.

Vera Lúcia (PSTU) - nascida em Inajá, interior de Pernambuco, a candidata é formada em ciências sociais. Antes filiada ao PT, ela integra as fileiras do PSTU desde 1994. Cabe lembrar que o partido foi originado de uma corrente petista, a Convergência Socialista, de posição mais radical à esquerda. Vera Lúcia já disputou outros cargos eletivos e, em 2018, foi a primeira mulher negra a tentar o Planalto, recebendo 0,05% dos votos. Agora, o resultado não deverá ser diferente.

Considerações finais - o desempenho dessas candidaturas nas urnas será muito importante para a disputa sucessória. A depender da quantidade de votos dados ao “bloco”, o pleito poderá até ser definido no primeiro turno. A conferir.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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