Eleições 2022: segundo turno presidencial e nos estados* - Política - Hold

Eleições 2022: segundo turno presidencial e nos estados*

A mais recente rodada da pesquisa DataFolha para a sucessão presidencial, cujo campo ocorreu entre os dias 25 e 27 de outubro, não apresentou novidades. O ex-presidente Lula (PT) aparece com 53% das citações, contra 47% de Jair Bolsonaro (PL), em votos válidos. Estabilidade absoluta, em linha com outros levantamentos.

Assim, chega-se ao segundo turno da disputa sucessória em situação de indefinição. Apesar da leve vantagem do petista, potenciais mudanças de posicionamento do eleitor poderão favorecer o titular do Planalto. Também os índices de abstenção terão influência no resultado final, em especial nas faixas de menor renda, em tese mais alinhadas a Lula.

O atual presidente, nos últimos dias, sofreu reveses significativos. Apenas para lembrar, a fala sobre as meninas venezuelanas (“pintou um clima”); a defesa ao ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual; os ataques do aliado Roberto Jeferson à ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmen Lúcia, que atinge ao público feminino em geral; o mesmo Jefferson recebendo a Polícia Federal a tiros em sua casa; e o imbróglio das supostas irregularidades com a divulgação das inserções das propagandas eleitorais do presidente em rádios, que gerou um início de crise em Brasília. Apesar da gravidade dos fatos, as pesquisas não indicam que Bolsonaro tenha sido afetado negativamente. Seus índices seguem estáveis.

No campo da economia, porém, Bolsonaro corre mais riscos. Os recentes vazamentos sobre alterações na definição do salário mínimo, que não seria mais atrelado à inflação, e sobre o Imposto de Renda, com a desoneração dos gastos com saúde e educação, podem piorar os ânimos do eleitor. O bolso, afinal, é o órgão mais sensível do corpo humano.

Nas disputas pelos governos estaduais, alguns destaques importantes. No Rio Grande do Sul, o tucano Eduardo Leite está numericamente à frente do ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), bolsonarista que emula seu líder. A campanha agressiva desse último agrada ao eleitorado mais à direita, bastante expressivo no estado. Na prática, a situação é de empate técnico, e qualquer resultado não surpreenderá.

Já Santa Catarina assiste a uma réplica da disputa nacional. O senador Jorginho Mello (PL) lidera com larga vantagem o embate contra o deputado Décio Lima (PT). Mello, é bom lembrar, foi da chamada “tropa de choque” presidencial na CPI da Covid, e parece estar colhendo junto aos bolsonaristas os frutos de sua atuação à época.

A Bahia vive uma situação interessante. O esperado favoritismo do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) não se confirmou, e o até então pouco conhecido Jerônimo Rodrigues (PT) quase liquidou a fatura no primeiro turno. Esse quadro se explica, em larga medida, pela força do petismo e do lulismo entre os baianos. Não por acaso, ACM Neto evitou ataques ao ex-presidente ao longo da campanha, buscando uma espécie de “política de boa vizinhança”. A rigor, não há um claro favorito para vencer no domingo.

O pano de fundo da disputa em Alagoas é o duelo entre dois titãs da política nacional. De um lado, o governador Paulo Dantas (MDB) é aliado da família Calheiros (e também de Lula). De outro, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil) conta com o apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), além de Bolsonaro. O segundo turno no estado teve de tudo, inclusive uma ação da Polícia Federal contra o governador - que aparentemente não foi afetado e segue como favorito à recondução.

Em Pernambuco, a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB) surpreendeu e tem grandes chances de derrotar a então favorita, deputada Marília Arraes (Solidariedade). O fenômeno tem explicação. Bem avaliada em sua gestão, a tucana conseguiu aglutinar em torno do seu nome importantes setores do centro e da direita do estado. Além disso, a comoção gerada pelo falecimento de seu marido no dia da votação em primeiro turno transformou-se (involuntariamente) em apoio político. Por fim, Arraes, ex-petista, não recebeu na prática do apoio anunciado por lideranças do partido de Lula. A esquerda se dividiu entre os pernambucanos.

Por fim, São Paulo, a “jóia da Coroa”, tem uma disputa acirrada na reta de chegada. O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) segue na frente nas pesquisas, mas enfrenta alguns problemas - entre eles, o anúncio antecipado de seu secretariado não caiu bem junto ao eleitorado, a pecha de não ser paulista ganhou força e as suspeitas de armação em suposto “atentado” contra ele (que resultou em uma morte). O petista Fernando Haddad, por sua vez, reforçou a campanha no interior, mais conservador. No domingo, o favoritismo de Freitas será posto à prova.

Domingo próximo será um dia decisivo para o país. Vote consciente.

*Tema da live de 27 de outubro de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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