Eleições 2022: o segundo turno em cinco estados - Política - Hold

Eleições 2022: o segundo turno em cinco estados

Cinco estados nos quais ocorrem disputas de segundo turno para governador são essenciais para o processo eleitoral como um todo. O saldo final nesses locais terá forte impacto inclusive na sucessão presidencial.

Apesar de ser considerada uma “unidade menor” da Federação, Alagoas vive um quadro especial nas eleições desse ano. Os dois candidatos na segunda rodada replicam uma briga maior. O atual governador, Paulo Dantas (MDB), é apoiado pelo senador Renan Calheiros (MDB) e por seu filho, o ex-governador e recém-eleito senador Renan Filho (MDB). Seu adversário, senador Rodrigo Cunha (União Brasil), conta com o suporte do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). A recente ação da Polícia Federal contra Dantas, atual mandatário, esquentou o ambiente, mas o quadro geral segue inalterado - ele lidera com relativa folga as pesquisas de intenção de voto. Confirmado esse cenário, será um revés considerável para Lira e seu grupo político.

Em Pernambuco, a disputa se dá entre Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB). Apesar de ter vencido o primeiro turno, Arraes aparece atrás nas pesquisas. Há quem diga que esse quadro seja explicado pelo fato de o marido da candidata tucana haver falecido no dia do pleito. Trata-se de análise incompleta, porém. A candidata do Solidariedade, apesar do apoio do ex-presidente Lula, tem muitos desafetos na esquerda, inclusive e principalmente no PT, seu ex-partido. Ela pode estar sofrendo algum tipo de boicote, o que abriu espaço para Lyra, bem avaliada em especial no interior do estado por sua gestão no município de Caruaru.

Fechando a região Nordeste, a Bahia assiste talvez ao embate mais difícil dos últimos tempos. O ex-deputado e ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) enfrenta Jerônimo Rodrigues (PT) e as pesquisas apontam virtual empate entre os dois. Liderança nacional, e apesar do sobrenome famoso, ACM Neto não tem conseguido superar a máquina petista, que há tempos comanda o estado. Mais ainda, o peso de Lula na campanha é grande, em especial no interior. Não por acaso, o candidato do União Brasil optou por não atacar o ex-presidente, na tentativa de conter potenciais danos junto ao eleitorado. A rigor, não há favorito na disputa.

Do outro lado do país, o Rio Grande do Sul assiste a uma disputa voto a voto entre o ex-deputado e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Onyx Lorenzoni (PL), e o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que já declarou apoio ao atual presidente da República. Com o respaldo do titular do Planalto, o candidato do PL de certo modo emula práticas do presidente em sua campanha, abordando (de maneira polêmica, diga-se) temas relativos aos costumes, tanto que declarou que, se eleito, o Rio Grande do Sul voltará a ter uma primeira dama de verdade. Leite, por sua vez, tenta se livrar da pecha de “oportunista” - ele deixou o Palácio Piratini para disputar as prévias presidenciais tucanas e, derrotado por João Dória, retomou o projeto estadual, sendo bastante criticado por isso. A disputa também não tem um favorito claro.

Por fim, São Paulo, o maior estado brasileiro, assiste a um confronto que replica a disputa pelo Planalto. O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o ex-ministro e ex-prefeito Fernando Haddad (PT) representam respectivamente, de fato, Bolsonaro e Lula. O candidato bolsonarista surpreendeu no primeiro turno e terminou o pleito com boa vantagem sobre o petista, e vem mantendo com folga a liderança. Nem mesmo as tentativas de desqualificar Tarcísio por não ser paulista colaram. Esse quadro se explica, em larga medida, pelo eleitor mais conservador do interior do estado. O antipetismo do chamado “corredor da Anhanguera” tem falado mais alto.

Como se vê, os resultados finais nesses cinco estados serão muito importantes não só para a disputa presidencial, mas também para a reconfiguração da política nacional como um todo. Perto da reta final, candidatos e partidos precisam estar atentos aos detalhes, como a questão da abstenção no dia do pleito - mesmo com a recente decisão do Supremo Tribunal Federal de se permitir a gratuidade do transporte público no domingo do segundo turno, esse é um fantasma que assusta a todos.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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