Eleições 2022: o que esperar depois das convenções* - Política - Hold

Eleições 2022: o que esperar depois das convenções*

Com o período das convenções praticamente concluído e definidos os nomes dos principais candidatos à presidência, o processo sucessório ingressa em nova fase. Partidos e coligações registrarão as chapas na Justiça Eleitoral até 15 de agosto. A campanha começará oficialmente no dia seguinte.

A pesquisa DataFolha divulgada na noite de quinta-feira, 28 de julho, apresenta uma boa fotografia do quadro atual. De acordo com o levantamento, o ex-presidente Lula (PT) segue na liderança com 47% das citações, contra 29% do presidente Jair Bolsonaro (PL), 8% de Ciro Gomes (PDT) e 2% de Simone Tebet (MDB).

Os números da pesquisa são praticamente idênticos aos da anterior, realizada em junho. O petista teve o mesmo percentual de intenções de voto, enquanto o titular do Planalto oscilou positivamente em um ponto. Importante registrar que essa estabilidade se dá após a ocorrência de importantes fatos políticos - votação da chamada “PEC da Bondade”, redução do preço dos combustíveis, os ataques do presidente ao sistema eleitoral na reunião com embaixadores e os manifestos de setores da sociedade civil em defesa da democracia. Nada parece ter afetado o eleitor.

Em linhas gerais, o resultado do levantamento é ruim para Bolsonaro, que não consegue superar a barreira dos trinta pontos mesmo após literalmente gastar seu capital político (e aumentando o risco fiscal do país) espalhando benesses a diferentes setores. Pior, a escalada dos ataques ao processo eleitoral e às instituições gerou um efeito bumerangue não só internamente, com os manifestos pró-democracia, mas também no exterior - os governos norte-americano e do Reino Unido reiteraram com veemência o apoio e a confiança em nosso sistema. O titular do Planalto está ficando sem cartuchos?

No âmbito das convenções, alguns destaques. Em primeiro lugar, chamou a atenção a atuação da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, durante o evento do PL que sacramentou a candidatura do presidente à reeleição. Dominando o palco ao defender as figuras pública e privada de seu marido com ênfase de apresentadora, ela se tornou o centro das atenções. A construção de uma imagem, de uma espécie de “Evita brasileira”, parece estar em curso. “Don’t cry for me Brasil”.

Já Ciro Gomes e Simone Tebet expuseram as graves dificuldades políticas que suas candidaturas enfrentam. Ambos estão sem vice até o momento. No caso do neopedetista, seu partido não conseguiu fechar aliança alguma e caminhará sozinho no pleito. Isolamento muito ruim para as pretensões do ex-ministro. Já Tebet, do mesmo modo que a candidatura do pedetista, não consegue confirmar um nome para compor a chapa, apesar da aliança nominal (e nada empolgada) do MDB com o PSDB e o Cidadania. A chamada “terceira via”, ao que tudo indica, fracassou.

Assim, em tese, sobram na pista Lula e Bolsonaro. Nos próximos dias, as campanhas trabalharão para tentar realizar os últimos ajustes nos palanques estaduais - o Rio de Janeiro, por exemplo, ainda é um problema para o petista, enquanto o titular do Planalto tenta ganhar algum espaço no Nordeste.

Passado o longo “ensaio geral”, a campanha de fato só começa agora, e não será fácil. Os riscos de violência acima do normal são reais e estão nos cálculos dos postulantes. O jogo será bruto, em todos os sentidos. Alea jacta est.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

*Tema da live do dia 28 de julho de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

Comments are closed.