Eleições 2022: o movimento das campanhas - Política - Hold

Eleições 2022: o movimento das campanhas

Os movimentos iniciais do segundo turno da campanha presidencial mostram uma grande divisão entre o petismo e o bolsonarismo. A correlação de forças indica que o futuro titular do Planalto, seja Lula (PT) ou Jair Bolsonaro (PL), precisará demonstrar habilidade para negociar não só com o mundo político, mas com a sociedade brasileira como um todo. O desafio está dado.

No caso do petista, a candidatura segue em busca de apoios de prestígio. Após conquistar os votos de nomes como Marina Silva, Henrique Meirelles e Joaquim Barbosa, Lula recebeu a adesão pouco empolgada de Ciro Gomes (PDT), que se limitou a acatar a determinação do partido. Também o Cidadania anunciou a aproximação com o ex-presidente, bem como figuras de peso como José Serra (PSDB) e Armínio Fraga. Por fim, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deu uma espécie de “selo de qualidade” à candidatura petista.

Aguarda-se ainda o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), mas sem a adesão completa de sua legenda. O MDB está dividido, com as lideranças do Norte e do Nordeste favoráveis a Lula, mas o Centro-Sul pendendo para Bolsonaro.

Já Bolsonaro conseguiu a adesão quase incondicional do comando do Sudeste - Romeu Zema (Novo/MG), Cláudio Castro (PL/RJ) e Rodrigo Garcia (PSDB/SP). O chamado “triângulo das Bermudas” caiu no colo do titular do Planalto. Também Ibaneis Rocha (MDB/DF) e Ratinho Júnior (PSD/PR) caminharão ao lado do atual presidente. Esses apoios, diga-se, já eram esperados, posto terem marchado juntos ao longo do governo e no período de campanha eleitoral. Posição outra seria de se estranhar. Apesar da formalização desses apoios, pouco se espera na efetiva mudança de votos, já que em todos esses estados Jair Bolsonaro sagrou-se vencedor. A exceção fica por conta do Minas Gerais, onde Lula ganhou. A briga vai se dar pela busca desses votos. O ex-presidente Michel Temer (MDB) igualmente anunciou o apoio formal a Bolsonaro.

Cabe aqui uma nota sobre o PSDB. Ao anunciar o apoio a Bolsonaro, Rodrigo Garcia gerou mal-estar no tucanato. Lideranças históricas da legenda, como o já citado Serra e o senador Tasso Jereissati, querem distância do bolsonarismo e já se posicionaram a favor de Lula. Rodrigo Maia abandonou o governo do estado, bem como outros secretários indicados por João Dória.

Garcia, por sinal, nem pode ser considerado tucano. Ele, que tem como padrinho político Gilberto Kassab, ingressou recentemente no partido, oriundo do antigo PFL. Em suma, o atual governador paulista, derrotado no pleito, caminha para o isolamento total.

Em tese, Bolsonaro foi mais rápido na busca de apoios e saiu na frente de Lula. No entanto, as consequências políticas de determinadas alianças ainda não foram avaliadas. O açodamento do bolsonarismo pode cobrar sua fatura a médio prazo.

A disputa recomeça agora sob o signo da incerteza. A vantagem de Lula no primeiro turno não garante o êxito petista na nova rodada. O antipetismo mostrou sua força e, bem explorado, pode se tornar um trunfo nas mãos de Bolsonaro.

André Pereira César
Cientista Político

Alvaro Maimoni
Consultor Jurídico

Comments are closed.