Eleições 2022: estabilidade no horizonte? - Política - Hold

Eleições 2022: estabilidade no horizonte?

Duas novas pesquisas de intenção de voto foram divulgadas na manhã dessa quarta-feira, 26 de outubro. De imediato, chama a atenção a similaridade dos resultados. Tanto a Genial/Quaest quanto o PoderData (cujos trabalhos ocorreram entre 23 e 25 de outubro) apontam o ex-presidente Lula (PT) com 53% das citações e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com 47%, em votos válidos. Números muito parecidos com relação aos levantamentos anteriores, por sinal. Afinal, o quadro hoje seria de estabilidade?

De fato, há uma inegável cristalização da definição do voto em parcela significativa do eleitorado. Esse processo teve início já há algum tempo e agora parece apenas ter sido reforçado. Pior para quem aparece atrás nas pesquisas, pois, em tese, tem reduzida margem de ação para virar o jogo.

No caso dos levantamentos de hoje, não se registram grandes novidades ou movimentos bruscos nos grupos que apoiam majoritariamente Lula ou Bolsonaro. Aqui, nada de novo no front.

O petista segue predominando na região Nordeste, entre as mulheres, os de escolaridade fundamental, os católicos, os de renda domiciliar até dois salários mínimos e os jovens entre 16 e 24 anos. Quadro absolutamente inalterado.

Já o titular do Planalto segue com força no Centro-Sul (em especial na região Sul), entre os homens, os de escolaridade superior e os evangélicos.

Há, na verdade, um dado no levantamento Genial/Quaest que chama a atenção. Entre os eleitores com renda domiciliar acima de cinco salários mínimos, historicamente mais alinhados a Bolsonaro, foi registrado um movimento favorável a Lula, que passou de 39% para 44% das citações no segmento - o titular do Planalto perdeu dois pontos e agora tem 46%.

Aqui fica uma pergunta que muito me fazem: o caso Roberto Jefferson não teve impacto algum na disputa? A princípio a resposta é negativa, com uma ressalva importante - mais do que os tiros contra Policiais Federais, seus ataques à ministra Carmen Lúcia é que podem ter efeito negativo sobre o eleitorado, em especial a parcela feminina. Some-se a isso a recente entrevista do presidente da República defendendo Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal acusado de assédio sexual, e a ativa participação da senadora Simone Tebet (MDB) na campanha de Lula, e o que se tem é uma situação em tese desconfortável para a campanha bolsonarista. Algo pode se mover nesse campo.

Por fim, a situação de empate técnico entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT) em São Paulo aparentemente representa uma má notícia para Bolsonaro. No entanto, o antipetismo histórico do eleitor do interior do estado pode ainda barrar esse movimento, mais como uma espécie de “mau humor” do propriamente de mudança de voto dessa parcela da população.

Faltando quatro dias para o segundo turno, a liderança de Lula ainda não garante sua vitória. Mas é Bolsonaro quem precisa trabalhar para virar a partida.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

Comments are closed.