Eleições 2022: as incertezas dos números - Política - Hold

Eleições 2022: as incertezas dos números

Perto da reta final do segundo turno da disputa sucessória, uma profusão de pesquisas de intenção de votos mostra que o quadro geral é de absoluta incerteza. Tudo pode acontecer até o domingo da próxima semana, 30 de outubro.

Diferenças metodológicas à parte, os principais levantamentos apontam tendências similares - lento e gradual crescimento da candidatura do presidente Jair Bolsonaro (PL), queda nos índices de desaprovação a seu governo e aumento da rejeição a Lula (PT). Somados todos esses fatores, não se pode afirmar que exista um favorito absoluto no processo. Os dois candidatos chegam com possibilidades, e com o país dividido, ao dia decisivo.

Falamos aqui dos institutos mais relevantes - DataFolha, Ipespe, Quaest, Atlas e Ipec. Todos eles, por sinal, estão sofrendo forte pressão de parcela do mundo político e da opinião pública. Nesse ponto, fica clara a confusão conceitual que se faz com a função de uma pesquisa, a de apresentar o retrato de momento, não de entidade de futurologia que prevê o resultado final de uma eleição.

Em linhas gerais, hoje as pesquisas indicam ligeira vantagem do petista, oscilando entre 52% e 54% das intenções de votos válidos. O titular do Planalto, por sua vez, segue aparecendo com algo entre 46% e 48%. Esse quadro se assemelha ao registrado no segundo turno da disputa presidencial de 2014, quando Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) chegaram muito próximos. A petista recebeu 51,6% dos votos, contra 48,4% do tucano, diferença de pouco mais de 3.4 milhões de votos para Dilma.

Evidentemente, esse cenário alimenta todo tipo de especulação e boato. Relatos sobre supostas “viradas” tendem a se tornar mais comuns com a aproximação do dia da votação, com forte impacto especialmente sobre o mercado - mas também sobre as militâncias e os comandos de campanha.

Nesse sentido, a definição se dará nos detalhes - detalhes nem tão pequenos assim, diga-se. A conquista de terreno em Minas Gerais e São Paulo, por exemplo, torna-se crucial, dada a distribuição de forças no restante do Brasil. Igualmente, as redes sociais são um campo cada vez mais estratégico, e aqui Bolsonaro ainda leva vantagem sobre o PT e seus aliados. Por fim, a exploração de temas polêmicos, como o “pintou um clima com as venezuelanas” do atual presidente ou afirmações sobre Bolsonaro “não gostar de gente, mas sim de policial”, por parte de Lula, entra no cardápio das campanhas.

O quadro, como afirmamos acima e apesar da vantagem do candidato petista, é de incerteza. O único dado concreto é que, com o país dividido ao final do processo e com a bomba fiscal preparada para explodir imediatamente após o término das eleições, o próximo presidente terá dificuldades adicionais para negociar uma agenda econômica e política viável.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

Comments are closed.