Eleições 2022: análise sobre a primeira semana de campanha* - Política - Hold

Eleições 2022: análise sobre a primeira semana de campanha*

Na política, a semana foi marcada por três importantes eventos - a posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o início oficial das campanhas em todo o país e a divulgação de uma série de pesquisas de intenção de voto. Os três movimentos são absolutamente conectados entre si.

O que seria um mero evento protocolar tornou-se um grande fato político. A posse de Moraes no comando do TSE mobilizou as cúpulas do Judiciário e da política na defesa da democracia, do sistema eleitoral como um todo e, em especial, das urnas eletrônicas. Ex-presidentes, candidatos ao Planalto, governadores, senadores, deputados, presidentes de partidos políticos, ministros e ex-ministros do STF e do STJ e diplomatas compareceram em peso à cerimônia, a mais concorrida da história da Corte.

O principal marco da solenidade foi o contraste entre os comportamentos do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT). Enquanto o titular do Planalto mostrou-se acuado e visivelmente constrangido com as duras palavras de Moraes, o petista circulava à vontade e era festejado por todos. A expectativa de vitória do ex-presidente em outubro ganhou materialidade nos salões do Tribunal.

Em paralelo à posse de Moraes, teve início o período de campanha eleitoral. O que se viu nos primeiros dias foi claro - as principais candidaturas presidenciais até certo ponto contidas, no aguardo da evolução dos fatos. Algumas tendências para as próximas semanas estão dadas, porém. A chamada “guerra santa” entre Bolsonaro e Lula deve ganhar espaço nos debates, assim como a exploração da incapacidade do atual governo em enfrentar a grave crise econômica e social que assola o país. O embate entre os dois principais postulantes deve radicalizar ainda mais.

Por fim, após a divulgação dos números de quatro pesquisas (FSB/BTG, Ipec, Genial/Quaest e PoderData), vieram à público na noite de quinta-feira, 18 de agosto, os resultados da mais recente rodada do DataFolha. Em linhas gerais, o levantamento confirma o quadro geral apontado pelos outros institutos.

De acordo com o DataFolha, Lula manteve-se estável, com 47% das intenções de voto. Bolsonaro, por sua vez, ganhou três pontos percentuais e agora tem 32%. Cabe ressaltar aqui que a trajetória do atual presidente, apesar de ascendente, ainda não representa uma ameaça real para o petista. O jogo sucessório segue o mesmo, com os demais candidatos aparecendo como meros coadjuvantes. Na cabeça do eleitor, não há espaço para uma proposta alternativa.

O processo eleitoral começou de fato. As próximas semanas mostrarão a real musculatura política dos dois principais postulantes à cadeira presidencial. Dias tensos e intensos se avizinham.

André Pereira César

Cientista Político

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

*Tema da live de 18 de agosto de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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