Eleições 2022: análise do primeiro debate presidencial - Política - Hold

Eleições 2022: análise do primeiro debate presidencial

Considerações iniciais - o tradicional primeiro debate presidencial das eleições de 2022, realizado pela Rede Bandeirantes, em parceria com a TV Cultura e com o jornal Folha de São Paulo, surpreendeu positivamente pelos duros embates entre os principais candidatos. Em quase três horas, os grandes temas do país foram colocados à mesa.

Lula (PT) - perdeu. Tímido, foi uma pálida sombra do Lula do Jornal Nacional, na semana passada. Não conseguiu responder a contento ao questionamento do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre corrupção e, indo além, nem contra-atacou. Seu desempenho foi uma espécie de anticlímax para seu eleitor, que esperava mais. Não estava à vontade, o que talvez revele falta de “prática” - o último debate que participou foi em 2006.

Jair Bolsonaro (PL) - empatou, com viés de baixo. Repetiu o velho e conhecido discurso, ressaltando ações de seu governo (muitas vezes irreais, diga-se). Ele até ia bem, mas escorregou ao criticar de maneira fora do tom a jornalista Vera Magalhães - agressividade que afasta o eleitorado feminino, um dos calcanhares de Aquiles de sua candidatura.

Ciro Gomes (PDT) - ganhou. Firme em suas colocações, por vezes professoral, Ciro foi Ciro em “estado puro”. Aí está seu dilema - ele se impõe perante os adversários, mas sua mensagem não atinge a população, em especial os estratos inferiores da sociedade. Mesmo assim, ao final, o saldo foi positivo.

Simone Tebet (MDB) - ganhou. Aproveitou para se apresentar ao eleitorado, que ainda a conhece pouco, e não escorregou. O problema dela, porém, segue o mesmo - não tem apoio de seu partido, o MDB, e tem uma postura de certo modo distante, com pouco apelo popular.

Soraya Thronicke (União Brasil)/ Felipe D’Avila (Novo) - empataram. No caso, empate significa derrota, pois ambos saem do mesmo (pequeno) tamanho que entraram. Os dois, inclusive, foram duramente criticados na internet, e deixaram evidentes as limitações de suas candidaturas.

Na internet - segundo a Quaest, Soraya Thronicke (68%), D’Avila (66%) e Bolsonaro (65%) foram os que mais receberam menções negativas no Twitter, Facebook e Instagram. Do outro lado, Ciro Gomes (51%) foi o líder em menções positivas. Resta saber se esse desempenho nas redes se reverterá em votos para o ex-ministro.

Considerações finais - o debate, sem dúvida, foi importante para deixar mais claras ao eleitor as propostas e posturas dos candidatos. Dado o saldo final, estratégias deverão ser revisadas. Já algumas imagens dos embates certamente serão utilizadas, tanto nas redes quanto nas propagandas na televisão, quando então se terá a verdadeira noção de seu impacto sobre os eleitores.

Nota final - o quase pugilato entre o ex-ministro bolsonarista e candidato a deputado federal Ricardo Salles e o deputado André Janones, apoiador de Lula, é um exemplo acabado do ambiente tenso da campanha. Cenas similares deverão ocorrer ao longo das próximas semanas.

André Pereira César

Cientista Político

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