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Eleições 2022: a disputa nos estados*

A campanha iniciada em 16 de agosto já está nas ruas e nas redes sociais. A partir de hoje, a propaganda eleitoral em rádio e televisão tem início e entrará nos lares de milhões de brasileiros. As pesquisas mais recentes indicam certa estabilidade no cenário sucessório presidencial e a disputa em alguns estados será fundamental para os destinos do pleito.

A mais recente pesquisa Exame/Ideia, divulgada na quinta-feira, 25 de agosto, mostra o ex-presidente Lula (PT) com 44% das intenções de voto, contra 36% do presidente Jair Bolsonaro (PL). Há um mês, o petista tinha o mesmo percentual, contra 33% do titular do Planalto. Os demais candidatos seguem como figurantes, o que pode inclusive antecipar o chamado “voto útil”.

Diante desse quadro, as atenções se voltam para seis estados com forte peso eleitoral. O mais populoso, São Paulo, tem o ex-ministro Fernando Haddad (PT) na liderança, sempre acima dos 30% de intenção de voto, seguido do também ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) e do governador Rodrigo Garcia (PSDB). Na prática, assiste-se a duas disputas paralelas. De um lado, o PT tenta emplacar a vitória já no primeiro turno, algo hoje pouco provável. De outro, Freitas e Garcia lutam para chegar ao segundo turno e, a partir daí, tentar explorar o eleitorado mais conservador do estado, em especial no interior. A disputa segue indefinida, mas o PT nunca esteve tão perto de conquistar o Palácio dos Bandeirantes.

No Rio de Janeiro, a situação é similar. Apoiado pelo clã Bolsonaro, o governador Cláudio Castro (PL) tem no deputado federal Marcelo Freixo (PSB), aliado de Lula, seu principal adversário. Os dois disputam voto a voto e, ao que tudo indica, a decisão final se dará apenas no segundo turno.

Já Minas Gerais encaminha a resolução em primeiro turno. “Divorciado” de Bolsonaro, que o apoiou em 2018, o governador Romeu Zema (Novo) aparece com pouco menos de 50% das intenções de voto, contra um desempenho aquém do esperado do ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), que tem Lula como principal cabo eleitoral. O eleitorado do interior do estado, em especial, tem sido apontado o principal responsável pelo quadro atual.

No Rio Grande do Sul, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que teve frustradas suas pretensões de disputar o Planalto, lidera as pesquisas, com o ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL), candidato do presidente da República, bem atrás. Trata-se de uma região onde o bolsonarismo é forte, por isso o jogo segue em aberto.

Na Bahia, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) tem folga na liderança, com o petista Jerônimo Rodrigues em um distante segundo lugar. Dois aspectos interessantes na disputa baiana. Em primeiro lugar, ACM Neto não tem atacado Lula, pois sabe da força eleitoral do ex-presidente na região. Além disso, o candidato de Bolsonaro, o ex-ministro João Roma (PL), um dos responsáveis pelo programa Auxílio Brasil, tem desempenho pífio nas pesquisas. O eleitor não embarcou em seu projeto.

Por fim, Pernambuco tem a ex-petista Marília Arraes (Solidariedade) bem à frente dos demais candidatos e pode vencer no primeiro turno. Trata-se de uma ameaça real à hegemonia do PSB, que há tempos governa o estado.

Os seis estados concentram mais da metade do eleitorado brasileiro e são fundamentais para as pretensões dos dois principais candidatos à presidência, Lula e Bolsonaro.

André Pereira César

Cientista Político

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

*Tema da live de 25 de agosto de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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