Depois da fúria: vigiar e punir - Política - Hold

Depois da fúria: vigiar e punir

Baixada a poeira, o momento é de calcular os prejuízos e identificar e punir de maneira exemplar os responsáveis pelo lamentável episódio. O Brasil não pode ficar refém dos radicais.

É evidente que há uma cadeia de comando em todo o processo. O ocorrido em Brasília no domingo, 8 de janeiro, não se deu por acidente. Tal qual uma peça de teatro, tudo foi milimetricamente pensado. Os atores entraram em cena no momento exato, cumprindo seus papéis na comédia bufa do bolsonarismo. Simples assim.

O ensaio geral se deu em dezembro, justamente após a diplomação do presidente Lula (PT) e de seu vice Geraldo Alckmin (PSB). Naquele dia, o quebra-quebra na capital indicou o que estava por vir. As autoridades fizeram vista grossa.

De quais autoridades estamos falando? Em primeiro lugar, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), bolsonarista de primeira hora. Ele foi afastado por noventa dias pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e corre o sério risco de sofrer impeachment. Mesmo seu partido já o abandonou.

Outro envolvido nos acontecimentos é o ex-ministro da Justiça e agora ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres. Por uma estranha coincidência, ele passava férias na Flórida, próximo ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora, pode ser preso.

E o ex-titular do Planalto, qual o seu envolvimento no caso? Difícil afirmar, mas é certo que seu comportamento ao longo do tempo estimulou seus apoiadores a sair às ruas e confrontar as instituições e a democracia. Sinais disso não faltam.

Também se faz necessário e urgente encontrar os financiadores do movimento. Quem bancou o transporte e a alimentação da turba que invadiu Brasília? Follow the money.

O certo é que poucas vezes se viu uma união de forças de tal envergadura entre os representantes dos três Poderes. Atacados diretamente pela malta, Executivo, Legislativo e Judiciário somarão esforços para manter a democracia em pé, independentemente de diferenças programáticas e ideológicas.

Por fim, e para manter o conhecido enredo, teorias conspiratórias já circulam nas redes. Em geral, falam em “petistas e MST infiltrados” no movimento. Nada de novo nesse front.

No 8 de janeiro o Brasil viveu seu “dia do Capitólio”. A história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa. Nada mais, nada menos.

André Pereira César
Cientista Político

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