As novas imagens dos ataques aos prédios dos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro, o dia do “Capitólio tupiniquim”, assustam pela violência extrema dos manifestantes. A ira e a fúria mostradas reforçam ainda mais a necessidade de se punir com rigor os golpistas participantes. Cada um com suas responsabilidades específicas, sejam financiadores, organizadores intelectuais ou simples depredadores.
Em sua edição de hoje, o jornal Folha de São Paulo afirma que a escala das apurações será um grande obstáculo aos órgãos de investigação envolvidos no processo. Não será tarefa fácil.
O número de presos resume a situação. Nada menos que 1.400 pessoas seguiam no sistema presidiário do Distrito Federal na terça-feira. Como tratar esse contigente, um verdadeiro “mar de gente”?
Tentando dar celeridade e objetividade ao caso, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu em preventiva a prisão em flagrante de 140 manifestantes. A medida, anunciada nessa quarta-feira, contém ainda a ordem de liberação de outras sessenta pessoas, que serão monitoradas.
No caso do grupo que ficará em prisão preventiva, Moraes considerou haver provas nos autos da participação efetiva dos investigados em organização criminosa que atuou para tentar desestabilizar as instituições republicanas e destacou a necessidade de se apurar o financiamento da vinda e permanência em Brasília daqueles que concretizaram os ataques. Há claros sinais de endurecimento da Justiça com essa parcela dos envolvidos.
Para além de se responsabilizar mandantes e financiadores da barbárie, é fundamental que atos como aqueles não se repitam. Os serviços de inteligência dos governos precisam aprimorar seus métodos de ação, visando dar plena segurança à sociedade brasileira.
Enfim, o putsch fracassado de Brasília pode representar um divisor de águas no país. Punições severas são esperadas. Vigiar e punir nunca estiveram tão em voga.
André Pereira César
Cientista Político
