Cenário sucessório atualizado - Política - Hold

Cenário sucessório atualizado

Apesar do conflito entre a Rússia e Ucrânia, em terras tupiniquins as movimentações políticas/partidárias têm sido intensas. Muito se deve à janela de transferência partidária, onde parlamentares podem trocar de partido sem correr o risco de punições e também por conta das últimas ações dos pré-candidatos ao Planalto.

Bolsonaro - o titular do Planalto segue buscando a todo custo a reeleição. Com o suporte do PL e do Centrão, ele adotou abertamente uma agenda populista, com o objetivo de conquistar setores do eleitorado ainda refratários a seu nome. As pesquisas indicam que sua popularidade parou de cair, dando condições para uma recuperação progressiva. Bolsonaro, hoje, é nome competitivo na disputa e não pode e nem deve ser desprezado.

Lula e Alckmin - líder nas pesquisas, o ex-presidente Lula (PT) caminha mais e mais ao centro e tem no ex-governador Geraldo Alckmin, prestes a se filiar ao PSB, uma espécie de fiador da proposta de um governo moderado. Com o ex-tucano, Lula tentará vencer o pleito já no primeiro turno. Fechada a chapa, será importante ao ex-presidente trazer para a campanha o PSD de Gilberto Kassab, negociação já em curso.

Moro - o ex-juiz e ex-ministro de Bolsonaro atravessa o pior momento desde que se filiou ao Podemos, em novembro do ano passado. Sem decolar nas pesquisas, visto com reservas pelo mundo político e financeiro, e com uma estrutura precária de campanha, Sérgio Moro pode ser chamado de “antifenômeno” - e ser obrigado a abrir mão da disputa pela presidência da República para disputar uma vaga no Congresso Nacional. Hoje, as chances de êxito de seu projeto rumo ao Planalto são remotas.

Ciro Gomes - após um período de baixa inclusive entre seus aliados, o ex-ministro parece ter estabilizado sua condição de pré-candidato. Com o suporte do marqueteiro João Santana, ele estabeleceu uma linguagem mais jovem (“Ciro Games”) e voltou a ganhar um certo protagonismo na disputa. Prova disso é a possibilidade, recém aventada, de ter o comunicador José Luiz Datena como vice em sua chapa. O neopedetista ainda segue no jogo.

João Dória - patinando nas pesquisas de intenção de voto, o governo paulista está em seu pior momento desde que decidiu disputar a sucessão presidencial. Sem o apoio integral do tucanato e pressionado a abrir mão de seu projeto político, Dória tende a selar um acordo com outro nome da chamada terceira via. Esse seria um revés político de monta para alguém acostumado a êxitos desde a primeira disputa política ocorrida em 2016 para prefeitura de São Paulo.

Simone Tebet - os baixos índices de intenção de voto nas pesquisas não abalaram, até o momento, a estratégia da senadora Simone Tebet (MDB/MS), que segue como postulante à presidência da República. Na verdade, fica cada vez mais claro que ela e seu partido trabalham para fechar alguma aliança já no primeiro turno - o mais provável, hoje, seria uma composição no âmbito da chamada terceira via, talvez com Moro ou Dória. O MDB, é importante lembrar, é uma legenda pragmática, que tradicionalmente posiciona-se perto do poder. Aliás, será governo, independentemente de qual seja.

Eduardo Leite - com a desistência do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), Gilberto Kassab busca manter o projeto eleitoral de seu partido - e vê no governador gaúcho Eduardo Leite uma opção. Ainda no ninho tucano, Leite ensaia um movimento que pode levá-lo ao PSD e, consequentemente, colocá-lo como candidato à sucessão presidencial. Pouco conhecido do eleitorado nacional, ele precisará se apresentar como alternativa viável na chamada terceira via. A decisão final será tomada nas próximas semanas.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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