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As redes sociais nas eleições*

Em linha com os mais recentes levantamentos, a pesquisa DataFolha divulgada quarta-feira, 19 de outubro, mostra a redução da vantagem do ex-presidente Lula (PT) sobre Jair Bolsonaro (PL). Hoje, a disputa está em 52% a 48%, situação de empate técnico.

Inevitavelmente, os números mexeram com os ânimos das duas campanhas. Apreensão entre petistas e aliados, empolgação de bolsonaristas. A reta final promete fortes emoções.

Aqui, ganham peso suplementar as redes sociais. Elas, que tiveram grande importância ao longo de todo governo do presidente Bolsonaro, no processo sucessório se tornaram fundamentais e representam agora o diferencial para o êxito do vencedor, seja Lula ou Bolsonaro. As atenções estão voltadas para esse campo.

Assim, explica-se a renovada preocupação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as redes. Além de receber representantes de empresas como YouTube, Facebook, Whatsapp e Twitter, entre outras, a Corte tomou decisões importantes para tentar conter possíveis ilegalidades nos dias decisivos da disputa, como a resolução que acelera a remoção de conteúdos desinformativos das redes sociais.

A resolução dá às plataformas prazo máximo de duas horas para remover notícia considerada fraudulenta ou conteúdo classificado como fake news. Até agora, o prazo era de 48 horas após decisão judicial. A resolução também proíbe propaganda eleitoral na internet 48 horas antes do segundo turno.

É do conhecimento geral que, no território das redes sociais, Bolsonaro e aliados estão anos-luz à frente dos petistas, atuando com muito mais eficiência nessa reta final. Esse processo teve início muito antes da campanha de 2018 e ganhou força no atual ciclo eleitoral. Trata-se de mistura poderosa - grande número de pessoas engajadas, expertise e recursos tecnológicos de ponta.

Essa realidade explica, em larga medida, o ingresso do deputado André Janones (Avante/MG) na campanha de Lula. Especialista em redes sociais, sua eleição para a Câmara dos Deputados em 2018 teve como base justamente esse campo. Com milhões de seguidores, ele tem conseguido recuperar algum terreno para o ex-presidente nas plataformas. Não se sabe ainda se sua atuação será suficiente para levar o petista à vitória, mas sem dúvida foi um alento para os aliados.

Independentemente do resultado final da disputa sucessória, um fato é inegável - as redes sociais se consolidaram como poderoso instrumento político e social. Candidatos e partidos não têm mais como fugir dessa realidade, assim como as instituições que tratam da regulação das eleições. Temos um “admirável mundo novo?”

André Pereira César
Cientista Político

*Tema da live de 20 de outubro de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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