As pesquisas depois do debate* - Política - Hold

As pesquisas depois do debate*

Realizado o primeiro debate eleitoral e com a campanha já há mais de uma semana nas ruas, nas redes, no rádio e na televisão, as pesquisas mostram o início do processo de consolidação das principais candidaturas presidenciais junto ao eleitorado. Os números indicam que, hoje, a disputa se encaminha para o segundo turno.

Conforme já comentado nesse espaço, o debate da Rede Bandeirantes, no último domingo, foi marcado por três eventos em especial - a apatia do ex-presidente Lula (PT), que inclusive teve dificuldade em responder ao questionamento sobre corrupção em seu governo; o bom desempenho de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB), que nada tinham a perder dadas as posições de ambos nas pesquisas; e o descontrole do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao atacar a jornalista Vera Magalhães e as mulheres em geral, talvez o pior momento do debate. Em linhas gerais, porém, o encontro pouco mudou o quadro sucessório.

Conforme o esperado, com o avanço da campanha, os institutos de pesquisa saíram às ruas para detectar o ânimo dos eleitores. A semana foi pródiga em levantamentos. Para citar alguns, FSB/BTG, MDA/CNT, Ipec (ex-Ibope), Genial/Quaest, XP/Ipespe e DataFolha. Nos deteremos nessa última, cujos resultados começaram a ser apresentados na noite de quinta-feira.

De acordo com a pesquisa, realizada entre os dias 30 de agosto e 1 de setembro, Lula aparece com 45% das intenções de voto, contra 32% de Bolsonaro, 9% de Ciro Gomes e 5% de Tebet. No levantamento anterior, do final de julho, o petista tinha 47% das citações, o titular do Planalto os mesmos 32%, o neopedetista 7% e a senadora emedebista, 2%. Ou seja, a princípio a melhora dos dois últimos elevou um novo obstáculo para a definição do pleito já no primeiro turno. Má notícia para Lula.

Notícia nada alvissareira também recebeu o presidente Bolsonaro. Ao manter-se rigorosamente estável em 32%, o titular do Planalto parece ter esgotado o estoque de recursos eleitorais colocados em prática nas últimas semanas, em especial o Auxílio Brasil “vitaminado” e os pacotes de bondades para diferentes segmentos, como caminhoneiros e taxistas. Nem mesmo as sucessivas reduções nos preços dos combustíveis parecem alterar o quadro geral.

As estratégias dos candidatos, por outro lado, estão claras. Com a hegemonia de PT e aliados nas regiões Norte e Nordeste e a força política do atual grupo no poder no Centro-Oeste e no Sul, as atenções se voltam para o Sudeste. No limite, a eleição será definida no chamado “triângulo das Bermudas” - São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Esse fato torna ainda mais importantes as disputas para os governos desses três estados.

Para concluir, é preciso lembrar que, desde as eleições presidenciais de 1989, a disputa nunca foi perdida por quem liderava as pesquisas a um mês da votação e que, desde o início da reeleição, todos os presidentes que a tentaram conseguiram se reeleger. É sabido que cada pleito tem suas especificidades, mas essa é uma constatação que sem dúvida dá ânimo extra a Lula e seus apoiadores, apesar do avanço de Bolsonaro e dos demais candidatos.

André Pereira César

Cientista Político

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

*Tema da live de 1º de setembro de 2022, disponível em nosso canal no YouTube.

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