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A importância das eleições ao Senado Federal para Jair Bolsonaro

Ao longo do governo de Jair Bolsonaro (PL), o Senado Federal tornou-se uma espécie de foco de resistência aos mais diversos temas, desde ataques e ameaças à democracia a projetos de interesse único do Planalto. A depender do resultado do pleito de outubro próximo, esse quadro pode ser reforçado, ou não. O Senado será de fundamental importância para o desenho político nacional e principalmente para Bolsonaro e seu grupo, a partir de 2023.

Como se sabe, estarão em disputa 27 cadeiras, 1/3 do total da Casa - uma vaga por estado. Os poucos assentos em jogo tornam as eleições ainda mais difíceis e acirradas. A definição de candidaturas minimamente competitivas faz-se crucial para os partidos.

Essa situação explica, em larga medida, a estratégia adotada por Bolsonaro e seus aliados mais próximos de impor a escolha pessoal dos 27 candidatos ao Senado. O titular do Planalto rapidamente entendeu a necessidade de se formar uma bancada na Câmara Alta para dar suporte e continuidade aos seus projetos. Com isso, o presidente Bolsonaro pretende eleger um grupo de parlamentares absolutamente fiéis, que cavarão uma espécie de “trincheira” na Casa, para influenciar e defender os interesses desse atual grupo.

O mandato de um senador é de oito anos. Comandados por Flávio Bolsonaro (PL/RJ), esse grupo teria condições de tocar uma agenda e de fazer frente a um próximo governo caso Bolsonaro não se reeleja. Indo além, poderiam atuar diretamente na escolha, por exemplo, dos próximos ministros do STF, TCU, dos Conselheiros do CNJ, CNMP e da indicação do próximo presidente do Banco Central. A depender da força, brigarão pela presidência de importantes comissões e até mesmo pela cadeira da presidência.

A ideia é a eleição do maior número possível de candidatos ao Senado. E só terão vez e o apoio dos Bolsonaro, aqueles mais fiéis, para não se correr o risco de uma “mudança” de lado após a eleição.

A lista de possíveis candidatos nesse campo inclui ministros, como Marcelo Queiroga (PB), Gilson Machado (PE), Tereza Cristina (MS) e Fábio Faria ou Rogério Marinho, ambos do Rio Grande do Norte. Outro nome cotado é o da deputada estadual Janaína Paschoal (SP), bolsonarista de primeira hora. A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, também integra essa lista.

Do outro lado, o favoritismo de Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto anima o bloco da esquerda, que também projeta um bom desempenho na disputa pelo Senado. Lideranças como Flávio Dino (MA) e Rui Costa (BA) são algumas das apostas do grupo, que pode contar ainda com Fernando Haddad ou Guilherme Boulos em São Paulo, a depender do arranjo final no estado. A ideia da esquerda, é de estabelecer uma bancada forte, com o objetivo de dar o suporte necessário a Lula, caso ele seja eleito. Ou seja, a mesma intenção de Bolsonaro e seu grupo. Eleger uma bancada forte ao Senado Federal para influenciar nas decisões, indicações e nomeações mais importantes.

Na chamada “terceira via” a mobilização é intensa, e aí nota-se uma mistura de medalhões da política com novatos. O ex-prefeito e ex-senador Arthur Virgílio Neto disputará a vaga enfrentando Omar Aziz, que ganhou projeção nacional na CPI da Covid. Em São Paulo, o apresentador José Luiz Datena mais uma vez se apresenta como pré-candidato. A grande novidade, porém, pode vir do Paraná. Patinando nas pesquisas para a sucessão presidencial, o ex-ministro Sérgio Moro avalia a possibilidade de tentar uma vaga entre os senadores - ele até contratou pesquisa para avaliar suas chances de êxito.

Enfim, a briga pelo Senado será das mais intensas até outubro. Os principais partidos têm interesse real em fincar posição sólida na Casa e, desse modo, lutarão por conquistar espaço entre as 27 cadeiras em jogo.

André Pereira César

Cientista Político

Alvaro Maimoni

Consultor Jurídico

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