A disputa pelo comando do Senado Federal - Política - Hold

A disputa pelo comando do Senado Federal

A princípio, a recondução de Rodrigo Pacheco (PSD/MG) ao comando do Senado Federal não enfrentaria maiores obstáculos. No entanto, a entrada em cena do ex-ministro Rogério Marinho (PL/RN), bolsonarista de primeira hora, trouxe incertezas para o processo. Hoje, o jogo está em aberto.

Aos fatos. O atual presidente conta com o apoio de bancadas importantes como o MDB, o PSD e o PT. O Planalto, por sinal, vê com simpatia a candidatura de Pacheco. Inclusive o presidente Lula (PT) fez uma visita formal em apoio à Pacheco na noite da última quinta-feira (26). Mas nada é simples nessa história.

Partido com maior número de senadores, quatorze, o PL de Marinho tem a seu lado o PP, o Republicanos e outras legendas menores. Além disso, está em campo o elemento simbólico - trata-se de uma disputa entre aliados de Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Figuras como o ex-vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos/RS), e os ex-ministros Sérgio Moro (União Brasil/PR) e Damares Alves (Republicanos/DF), senadores eleitos, trabalham pesado para derrotar o governo nessa batalha.

Interessante notar um dos métodos dos aliados de Marinho, o chamado “telefonaço” - senadores próximos a Pacheco têm recebido ligações em série com ameaças, inclusive de violência física, caso não mudem de posicionamento. Jogo bruto.

Para o governo, uma eventual vitória do senador do PL trará prejuízos de monta. A agenda legislativa, como a reforma tributária, estará em xeque. Além disso, a pressão sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) aumentará. Como se sabe, compete ao Senado votar o afastamento de autoridades. Alexandre de Moraes seria um alvo no caso.

Importante ressaltar, ainda, que o presidente da Casa tem poder de barganha na indicação dos presidentes das comissões temáticas.

No caso da Comissão de Constituição e Justiça, por onde passa a aprovação do nome de ministros e demais autoridades, uma possível vitória de Rogério Marinho poderia atrapalhar ou dificultar as indicações de Lula às duas vagas ao STF que serão abertas nesse ano de 2023.

Enfim, muito está em jogo na eleição para o comando da Câmara Alta. O perfil apaziguador de Pacheco tem no ex-ministro Marinho um adversário perigoso. Até a definição, na próxima quarta-feira, muitos lances ocorrerão. Os dados estão rolando.

André Pereira César
Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni - Consultor Jurídico

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