A busca de um entendimento - Política - Hold

A busca de um entendimento

É inegável o simbolismo da imagem do presidente Lula (PT) descendo a rampa do Palácio do Planalto, ladeado por governadores e pelos comandantes dos demais Poderes. Em tempos de turbulência tudo isso é forte, mas e o que vem pela frente?

Claro, de imediato o titular do Planalto tende a capitalizar o quadro, chamando para si o comando do jogo. Dada a conhecida capacidade de articulação política do petista, ele chamaria - como chamou - as lideranças políticas do país para a negociação. No limite, Jair Bolsonaro (PL) levantou a bola, Lula bateu.

Um ponto positivo foi convocar ao diálogo governadores em tese alinhados à direita, como Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Romeu Zema (Novo), potenciais adversários do Planalto a curto prazo. O presidente recém-empossado demonstrou habilidade ao chamar ambos ao debate direto.

Indo além, o petista, em função do quadro gerado a partir do último domingo, conseguiu fidelizar os presidentes das duas Casas Legislativas, Arthur Lira (PP/AL) e Rodrigo Pacheco (PSD/MG). Candidatos à recondução a seus cargos, hoje ele têm em Lula um aliado fundamental. O clássico jogo ganha-ganha.

Mas os riscos estão colocados, é claro. O ambiente geral segue instável e problemas de toda ordem surgirão ao longo do tempo. As crises econômica e social são difíceis de ser debeladas e o governo tem limites para atuar. Até quando o mundo político manterá o apoio irrestrito ao novo governo?

A crise imediata gerada pela destruição dos Palácios da Praça dos Três Poderes deu a Lula condições de atuar no seu melhor campo, o da negociação e da articulação. Fundamental por ora, mas pode não ser suficiente a médio e longo prazos.

Agora, é tratar da agenda real, das mazelas e doenças do Brasil. Muito há a se fazer é o tempo corre. O país aguarda encaminhamentos.

André Pereira César
Cientista Político

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