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2022, modo de usar: política

A princípio, o ano que se inicia seria uma mera sequência do processo iniciado em 2020, com as incertezas geradas pela pandemia, o ambiente político extremamente polarizado, a economia patinando e com o aumento expressivo da pobreza e da miséria. No entanto, o elemento eleitoral será o diferencial ao longo dos próximos meses. 2022 pode se tornar um ano atípico na história recente do país.

As ações do presidente Jair Bolsonaro (PL) terão como norte único seu projeto reeleitoral. Em baixa nas pesquisas, pressionado por todos os lados (inclusive pelo neoaliado Centrão) e com reduzidas perspectivas de melhora nesse quadro, o titular do Planalto tentará reforçar os laços com seu eleitorado mais fiel. Além disso, medidas de caráter populista serão a tônica do Planalto - vide o Auxílio Brasil, o Bolsa Família “vitaminado”, e o reajuste salarial para a segurança pública. Tudo isso pode ser pouco, porém.

Favorito por ora segundo as pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Lula (PT) será alvo de todos os adversários, e duramente cobrado pela opinião pública. Exemplo disso foi a reação da mídia e dos mercados às recentes declarações do petista sobre revogar a reforma trabalhista e rever o teto de gastos. Por conta disso, sua candidatura deverá buscar mais e mais o centro político, como indica a aproximação com o ex-tucano Geraldo Alckmin. Conseguirá Lula montar uma espécie de “frente ampla democrática”?

A chamada terceira via, por seu turno, segue enfrentando dificuldades para ganhar musculatura e o prazo para viabilizar um nome e um projeto minimamente viáveis está se esgotando. Até março ou abril algo precisará acontecer, seja com Sérgio Moro (Podemos), João Dória (PSDB), os dois em uma chapa única ou outro candidato que possa surgir. O desafio será empolgar o eleitorado, que anda desacreditado de “novidades”.

Por falar em novidade, o neopedetista Ciro Gomes, em queda nas pesquisas, inicia o ano apresentando um novo trunfo - a composição de uma chapa com a ex-ministra Marina Silva (Rede). Conhecida dentro e fora do país, referência na área ambiental, o ingresso da ex-ministra, caso confirmado, pode significar um sopro de esperança para uma candidatura que parece, hoje, perto de naufragar.

Também as disputas nos estados e por cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado Federal serão intensas. Os palanques estaduais novamente serão fundamentais para as composições nacionais. Cabe ressaltar que os partidos terão como foco principal a Câmara - quanto mais deputados eleitos, mais recursos oriundos dos fundos Partidário e Eleitoral, além de maior influência e participação no governo, seja ele qual for.

Fora do universo eleitoral, a política seguirá sua rotina. A mobilização de servidores contra o governo federal pode desaguar em uma paralisação de proporções inéditas, gerando mais desgaste para Bolsonaro.

No Congresso Nacional, a expectativa é a de que matérias polêmicas, inclusive as reformas, não sejam apreciadas, como usualmente se dá em ano eleitoral. Tudo fica para 2023.

Enfim, 2022 já é realidade. Um ano intenso e de fundamental importância para os destinos da nação.

André Pereira César

Cientista Político

Colaboração: Alvaro Maimoni – Consultor Jurídico

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