Passados dois meses da posse, o novo governo segue avançando com sua agenda, mesmo enfrentando obstáculos dentro e fora da chamada “frente ampla”.
Combustíveis - o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguiu uma vitória ao convencer o presidente Lula (PT) a reonerar parcialmente os preços da gasolina e do etanol. A impopular decisão do governo sinaliza ao mercado a preocupação com a questão fiscal. Além disso, a equipe econômica bateu de frente com a ala política da atual administração, que queria a manutenção da desoneração. Novas rodadas de fogo amigo contra Haddad são esperadas.
Petrobras - em sua primeira entrevista coletiva como presidente da Petrobras, Jean Paul Prates sinalizou que a atual política de preços da empresa poderá ser revisada. O novo comandante da companhia afirmou que a Paridade de Preços de Importação (PPI) é uma “abstração”. Cabe lembrar que a Petrobras anunciou lucro recorde de quase duzentos bilhões de reais, o que gerou críticas dentro do governo.
Nova âncora fiscal - a equipe econômica está concluindo o projeto do novo arcabouço fiscal, que deverá ser apresentado muito em breve ao presidente Lula. Caso isso se confirme, será mais uma sinalização positiva de Haddad para o mercado.
Vagas no Banco Central - o presidente Lula indicará dois nomes para ocupar as diretorias de Política Monetária e de Fiscalização do Banco Central, que acabaram de ficar vagas. Em meio aos recentes embates entre o Planalto e a instituição, há grande expectativa para se saber o perfil dos indicados, que precisarão ser sabatinados e aprovados pelo Senado Federal.
Um ministro-problema - está ficando insustentável a situação política do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil/MA). Após as informações de que ele teria recebido diária para uma viagem de cunho pessoal, agora descobriu-se que um sócio pode ser funcionário fantasma no Senado. Para piorar, ele diz que não deixará o cargo e inclusive contratou um aliado bolsonarista para o ministério. Constrangimento para o presidente Lula, que enfrenta dificuldades para demitir o ministro - ele foi indicado pelo poderoso senador Davi Alcolumbre (União Brasil/AP). Equação difícil. Ministro e o presidente Lula tem encontro agendado para essa segunda-feira (6).
Comissões do Congresso Nacional - as comissões permanentes das duas Casas Legislativas ainda não foram definidas, o que atrasa o início efetivo dos trabalhos. Partidos como o PL e o União Brasil disputam o comando de diversos colegiados, sem chegar a um acordo. Novas rodadas de negociações ocorrerão nos próximos dias.
Os diamantes são eternos - o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estão no centro do escândalo das joias do governo saudita. Avaliadas em mais de dezesseis milhões de reais, elas teriam sido um presente para a então primeira-dama e, até aí, nada demais. Mas, a tentativa de entrarem com esses presentes de maneira ilegal no Brasil, levantou suspeitas. Indícios de propina ou simples contrabando, começa a ser investigado pela Polícia Federal.
André Pereira César
Cientista Político
