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Primeiros 100 dias do governo Lula: décima semana

A data simbólica dos 100 primeiros dias de governo se aproxima rapidamente e a nova administração segue tentando impor sua agenda para o país. A reforma tributária e o novo arcabouço fiscal seguem norteando as ações do Planalto, mas muito há a ser feito em diversas áreas.

Reforma tributária e novo arcabouço fiscal - o Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados realiza a série de audiências públicas sobre a proposta de reforma tributária. Há muita desconfiança entre os parlamentares, porém. No Senado Federal, o líder do PSDB, Izalci Lucas (DF), afirmou que o ambiente é de desânimo na Casa com as PECs 45 e 110, as preferidas pelo governo.

O novo arcabouço fiscal, por outro lado, deverá ser apresentado em breve pela equipe econômica. O mercado aguarda com ansiedade a medida, ainda em construção, mas é certo que a proposta sofrerá críticas da ultradireita bolsonarista e de setores do próprio PT.

Lira x Pacheco - o rito de tramitação das medidas provisórias colocou em lados opostos os presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP/AL), e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD/MG). A guerra ameaça respingar no presidente Lula (PT), que tenta negociar um acordo entre os dois. Turbulência no horizonte.

Briga pelas comissões - enquanto os senadores já definiram as presidências das comissões permanentes, os deputados continuam a brigar pelo comando de algumas comissões, o que atrasa o início efetivo dos trabalhos legislativos. PL, PT e União Brasil estão no centro dos embates, que envolvem as importantes e delicadas Comissões de Constituição e Justiça, de Finanças e Tributação e de Fiscalização e Controle.

Joias da Arábia - o caso das joias supostamente dadas de presente para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro continua a ser investigado pelas autoridades. As atenções estão voltadas agora para o ex-ministro Bento Albuquerque, que teria sido o responsável pela entrada das mercadorias no Brasil. Em paralelo, o PL contratará um instituto de pesquisa para avaliar o impacto dos eventos junto à opinião pública. No limite, Bolsonaro pode ser rapidamente abandonado pela legenda.

Fantasma de 2008 - dois bancos, o Silicon Valley Bank e o Signature Bank, entraram em colapso e, após intervenção dos órgãos legais, foram forçados a encerrar suas atividades. Autoridades norte-americanas anunciaram ações para conter a crise. O governo garantiu acesso integral aos depósitos, no intuito de afastar desconfianças e um efeito cascata no sistema financeiro dos EUA. Joe Biden elogiou o plano e disse estar firmemente comprometido com a responsabilização dos culpados por esta bagunça e com a continuidade dos esforços para fortalecer o monitoramento e a regulação de bancos maiores. Há o temor da repetição da crise financeira de 2008, que se espalhou por todo o planeta.

André Pereira César

Cientista Político

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